Debater subsídios além do agro vira 'pecado' no Brasil, critica Tereza Campello

Por LEONARDO VIECELI E IDIANA TOMAZELLI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Tereza Campello defendeu nesta terça-feira (21) que o Brasil amplie investimentos estatais e subsídios em setores além do agronegócio.

Na visão da ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, debater essas medidas em outros segmentos da economia é considerado um "pecado" no país.

"O Estado investe muito no agro, o crédito é altamente subsidiado, mas, quando você vai fazer esse debate para um conjunto de outros setores que nos interessam estrategicamente, esse debate vira pecado", disse Campello.

A declaração ocorreu na reta final de um painel do seminário "Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21", que ocorreu na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.

"O debate fundamental que quis trazer é por que se aceita o investimento estatal e o crédito subsidiado para determinado setor e não se discute que ele também pode ser interessante e importante para o desenvolvimento industrial, para a agenda ambiental e a agenda de superação de desigualdade. Esse debate tem de estar colocado", disse.

Antes desse trecho, Campello fez um discurso em que defendeu uma transição para o que chamou de modelos sustentáveis de produção no país. Ela também disse que o Brasil precisa passar por um processo de reindustrialização.

O seminário no BNDES foi marcado por críticas contundentes à política monetária no país. Economistas, empresários e integrantes do governo Lula se revezaram na ofensiva contra o patamar da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano.

O evento foi organizado pelo banco em parceria com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).