Sindicatos chamam juros de extorsivos e dizem temer desemprego

Por JOANA CUNHA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As centrais sindicais criticaram nesta quarta-feira (22) a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central em manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.

Em nota a CUT disse que a decisão é inaceitável e que representa um boicote de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, à retomada do crescimento econômico. "A decisão também revela o quanto é ruim para o país um Banco Central, que se declara autônomo, mas se encontra nas mãos de rentistas, especialmente quando têm compromissos com forças políticas contrárias ao povo e ao governo federal", disse a CUT.

A Força Sindical afirma que os "juros continuam extorsivos" e que a mobilização pela queda da taxa vai continuar.

"Essa nefasta política, infelizmente, resulta em queda da atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego, diminui a capacidade de consumo das famílias e compromete em muito o crescimento econômico", disse em nota Miguel Torres, presidente da Força.

Para Ricardo Patah, presidente da UGT e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, embora fosse previsível, a decisão do Copom preocupa.

"Era esperado, mas é uma situação que nos traz desalento. Enquanto os juros estiverem elevados, há o receio de demissões, principalmente para nós que representamos os trabalhadores de comércio e serviços. Isso é muito ruim para o Brasil. Os juros estão diretamente ligados ao emprego", disse Patah.

Nesta terça (21), as centrais ocuparam a calçada em frente ao prédio do BC em São Paulo, na avenida Paulista, com queixas em relação à política de juros da autarquia. Os manifestantes pediam a saída de Roberto Campos Neto, apontado no ato como "cavalo de Tróia" do ex-presidente Jair Bolsonaro.