Bolsa tomba após Copom, obstáculos para popularização de carros elétricos no Brasil e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bolsa cai para menos de 100 mil pontos em reação ao comunicado mais duro do BC e a críticas do governo sobre manutenção da Selic, o que trava a popularização dos carros elétricos no Brasil e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (24).
**BOLSA TOMBA APÓS COPOM**
Bolsa tombou e fechou abaixo do patamar simbólico dos 100 mil pontos no dia seguinte ao anúncio da decisão do BC sobre a Selic.
A reação não teve a ver com a manutenção da taxa, que já era esperada, mas sim com o tom duro do comunicado do Copom, que não abriu nem uma fresta para a queda dos juros na próxima reunião.
O mau humor no mercado nesta quinta foi agravado pelas críticas das autoridades à decisão do BC.
EM NÚMEROS
O Ibovespa fechou em queda de 2,28%, a 97.926 pontos, pior marca desde 18 de julho do ano passado. O dólar subiu 0,99%, a R$ 5,28.
Nos juros futuros, os analistas também refizeram as contas com a expectativa de atraso para a queda da Selic.
No vencimento para janeiro de 2024, a taxa avançou de 13,02% para 13,20%. Para 2025, de 12,05% para 12,12%, e para 2027, de 12,31% para 12,36%.
O QUE EXPLICA
Juros nesse patamar por mais tempo significam que a Bolsa continuará sendo menos atrativa em relação à renda fixa, o que motiva um rebalanceamento nas carteiras dos grandes investidores.
Também contribuíram para o azedume as críticas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à autoridade monetária. Nesta quinta, o presidente voltou à carga e disse que a "história julgará" as decisões do BC.
Com o cenário de juros nas alturas por mais tempo, as ações do varejo, que já vinham pressionadas, caíram ainda mais. O setor depende de uma Selic mais baixa para aumentar suas vendas e diminuir o custo da dívida.
A maior queda do dia ficou com o papel ordinário do Magazine Luiza, com recuo superior a 13%.
**MONTADORAS QUEREM FABRICAR ELÉTRICOS NO BRASIL**
O número de automóveis totalmente elétricos emplacados no Brasil chegou a 8.458 em 2022, numa alta de 195,7% ante 2021.
Mesmo assim, as unidades representam só 0,4% dos licenciamentos de carros de passeio e veículos comerciais leves no país. É um contraste com a proporção global, em que 10% dos carros vendidos em 2022 não queimam combustível.
Entenda o que trava a popularização dos elétricos no Brasil:
- Preço: os modelos eletrificados já costumam ser mais caros que os com motores a combustão lá fora, onde são fabricados. Quando são somados a essa conta o custo de importação e os tributos ?ainda que existam incentivos?, o valor acaba ficando bem salgado.
- Infraestrutura: ainda não é possível rodar por todo o país com um veículo que não tem tanque de combustível. Hoje são cerca de 3.000 eletropostos disponíveis no Brasil, principalmente no Sudeste e no Sul.
Isso não quer dizer que o setor esteja alheio a esse movimento. Para baratear o custo, uma ideia é trazer a fabricação para o Brasil, como planeja a BYD.
A chinesa é a principal rival da Tesla a nível mundial e negocia para instalar sua primeira fábrica nacional de carros de passeio por aqui com a compra do complexo que era da Ford em Camaçari (BA).
Um dos modelos cotados para produção nacional é o Yuan EV Plus, que já está à venda por R$ 270 mil, mas a intenção é barateá-lo com a fabricação nacional.
Sobre a ampliação dos eletropostos, tanto a Shell quanto a Vibra (ex-BR Distribuidora) planejam expandir suas redes.
Lá fora, os governos ousam nas metas e nos subsídios para o setor. Na Europa, o Parlamento aprovou no mês passado a proibição da venda de veículos novos com motores a gasolina ou a diesel a partir de 2035.
Nos EUA, o plano é que metade dos novos carros a serem vendidos até 2030 tenha zero emissão de carbono.
MAIS SOBRE ELETRIFICAÇÃO
Com estreia no Brasil neste final de semana, Fórmula E é novo laboratório para desenvolvimento de automóveis.
**DÊ UMA PAUSA**
- Para assistir: "Succession" - na HBO
Com 13 prêmios Emmy na conta, o drama familiar queridinho do público e da crítica chega ao começo do fim neste domingo (26), quando será exibido o primeiro episódio da quarta temporada, a última da série.
AINDA NÃO VIU?
A série carrega o espectador para o meio de uma intriga que envolve um pai e seus quatro filhos na disputa pelo comando de um enorme e tradicional conglomerado de mídia.
Além de resolver as picuinhas internas, a família ainda tem que enfrentar investidores irritados com a decadência do império de mídia, visto como uma empresa ultrapassada na era da internet e redes sociais.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Regra fiscal de Haddad tem apoio da Câmara e pode abrir espaço para corte de juros, diz Lira. Para presidente da Câmara, ministro da Fazenda tem agido com coerência na busca por nova âncora fiscal.
PETROBRAS
Conselho da Petrobras propõe aumento de 44% na remuneração de diretores. Proposta de aumento não tem efeito imediato e depende de aprovação de acionistas.
COMMODITIES
China volta ao mercado brasileiro de carne bovina, e exportações vão reagir. Embarques da segunda semana de março, em relação aos da primeira, haviam caído 46%, segundo a consultoria Agrifatto.
MERCADO DE TRABALHO
Dez anos após PEC das Domésticas, 3 em cada 4 delas trabalham sem carteira assinada. Dados do IBGE mostram que informalidade aumentou; até janeiro deste ano, 4,4 milhões atuavam sem direitos trabalhistas.
MERCADO
Trabalhadores no Lollapalooza estavam em regime análogo ao escravo, segundo fiscalização. Homens afirmam que tinham que dormir entre caixas de bebidas para garantir segurança da mercadoria; OUTRO LADO: Organização diz que terceirizada foi banida do festival.
REDES SOCIAIS
Criadoras negras usam redes sociais para repensar como lidam com dinheiro. Vídeos no TikTok debatem ascensão social, compulsão e culpa em relação ao consumo.