Bolsa cai com mercado antecipando efeitos de alta do petróleo na inflação; dólar opera estável

Por RENATO CARVALHO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A forte alta do petróleo faz com que a Bolsa opere em queda no início da tarde desta segunda-feira (3). As ações da Petrobras e de outras petroleiras evitam um desempenho pior, mas bancos e varejistas reagem à perspectiva de maiores dificuldades no controle da inflação com o anúncio de corte de produção pela Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados).

Às 13h10 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em baixa de 0,78%, a 101.078 pontos. O dólar comercial à vista estava perto da estabilidade, com leve queda de 0,03%, a R$ 5,067.

No mercado de futuros, os juros também estão próximos da estabilidade. Nos contratos para janeiro de 2024, a taxa sobe dos 13,19% da última sexta-feira (31) para 13,21% nesta segunda-feira. Para janeiro de 2025, a taxa apresenta estabilidade em 12,01%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros passam de 12,07% para 12,08%.

A cotação do petróleo tipo Brent subia mais de 6% às 13h00 (horário de Brasília), com o valor do barril saindo de menos de US$ 80 na última sexta-feira (31) para perto de US$ 85 nesta segunda-feira.

A Arábia Saudita e outros membros do grupo Opep+ anunciaram de surpresa neste domingo (2) cortes na produção de petróleo, num total de mais de 1 milhão de barris por dia.

Riad implementará um "corte voluntário" de 500 mil barris diários, ou pouco menos de 5% de sua produção, em "coordenação com alguns outros países da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] e não Opep", disse o país neste domingo.

A Rystad Energy disse acreditar que os cortes aumentarão o aperto no mercado de petróleo e elevarão os preços acima de US$ 100 o barril pelo resto do ano, possivelmente levando o Brent tão alto quanto US$ 110 (R$ 559).

O UBS também espera que o Brent chegue a US$ 100 até junho, enquanto o Goldman Sachs elevou sua previsão de dezembro em US$ 5, para US$ 95 (482).

Entre as ações, há uma divisão clara nos impactos desta medida. As petroleiras lideram as altas do Ibovespa nesta segunda, enquanto varejistas, bancos e aéreas estão em baixa.

As ações ordinária e preferenciais da Petrobras avançavam 3,09% e 2,85% às 13h10, respectivamente. As ordinárias de 3R Petroleum e PRIO subiam 2,74% e 3,71%.

No varejo, destaque para as ações ordinárias de Grupo Soma e Lojas Renner, com quedas de 7% e 6%, respectivamente. Entre os grandes bancos, a maior baixa estava com a preferencial do Itaú, caindo 3%. As preferenciais das aéreas Azul e Gol caíam cerca de 4%.

A Rússia, membro da Opep+, afirmou que estenderá seu atual corte de produção de 500 mil barris/dia até o fim do ano. A redução de Moscou foi anunciada pela primeira vez em março, em retaliação contra as medidas dos países ocidentais de impor um teto de preço às exportações marítimas de petróleo russo, em razão da Guerra da Ucrânia.

Ainda no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira (3), discordar de avaliações negativas sobre o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. Segundo ele, o crescimento da economia vai ser maior do que preveem os "pessimistas".

A declaração ocorreu na abertura de reunião com ministros no Palácio do Planalto, no mesmo dia em que o Boletim Focus divulgou média da projeção do PIB estacionada em 0,9%.

Em Nova York, não há uma tendência única para os índices. Enquanto o Dow Jones, que concentra mais empresas industriais, como as de petróleo, subia 0,71% às 13h10 (horário de Brasília), o S&P 500 estava praticamente estável, com baixa de 0,01%. O índice Nasdaq, mais sensível a uma possível alta da inflação e dos juros, recuava 0,73%.

Um dos membro do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), James Bullard disse nesta segunda-feira à Bloomberg que a tarefa de controlar a inflação pode ficar mais difícil com os cortes na produção de petróleo.

Para o governador do Texas, Greg Abbott, o movimento da Opep+ é uma oportunidade para que a Lone Star impulsione a produção de gás de xisto, visto pelos Estados Unidos como alternativa energética ao petróleo.

egundo informa a Bloomberg, o governador aponta um potencial para aumentar em 1 milhão de barris por dia a produção da empresa, levando a um total de 6 milhões de barris diários no estado americano.