Presidente da Light renuncia em meio a crise financeira na empresa
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em dificuldades financeiras por conta do volume de dívidas contraídas nos últimos anos, a Light enfrenta um novo desafio com a renúncia de seu diretor-presidente.
No cargo desde agosto de 2022, Octavio Pereira Lopes apresentou na terça-feira (4) uma carta de renúncia ao cargo, segundo ata de reunião do conselho de administração divulgado pela companhia nesta quarta-feira (5).
Em seu lugar assume Alexandre Nogueira Ferreira, que já era membro da diretoria executiva da empresa, para cumprir o restante do mandato, previsto para se encerrar em 31 de agosto de 2024.
Apesar da renúncia, Pereira Lopes, que é fundador da Equatorial Energia, foi eleito na reunião para ocupar a presidência do conselho de administração da Light.
Em comunicado ao mercado divulgado nesta quarta, a Light S.A., controladora da Light Energia S.A., subsidiária da qual Pereira Lopes ocupava a presidência, informa que o executivo permanece como diretor-presidente da empresa.
"A mudança não tem qualquer implicação nas estratégias em curso de readequação da estrutura de capital do grupo. Trata-se de tão somente de uma racionalização da estrutura organizacional do grupo, que segue sob o comando de Octavio Pereira Lopes", diz o comunicado.
A empresa de energia elétrica passa por um momento delicado e vê suas ações afundarem cerca de 60% na Bolsa no acumulado do ano, tendo recuado 2,5% no pregão desta quarta.
No final de janeiro, a Light informou que havia contratado os serviços da Laplace, conhecida por reestruturar companhias com problemas financeiros, entre elas a operadora Oi.
Na sequência, as principais agências de classificação risco de crédito, Fitch, Moody's e Standard & Poors, rebaixaram a nota da empresa.
Em teleconferência no dia 29 de março, Pereira Lopes afirmou que a Light iniciou conversas com credores para renegociar dívidas e, em paralelo, tenta antecipar a renovação do contrato de sua distribuidora com um tratamento "diferenciado" para questões particulares de sua área de concessão. Na ocasião, ele disse ver um cenário desafiador pela frente para que a Light consiga restabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro.
A companhia, que distribui energia em 31 municípios do Rio de Janeiro, vem sofrendo não só com questões estruturais de sua concessão, como um índice de furtos de energia persistentemente elevado, mas também com uma saída de caixa bilionária pela devolução de créditos fiscais aos consumidores de energia.
Também contribuiu para elevar a desconfiança o fato de a Light ter entre os maiores acionistas o empresário Carlos Alberto Sicupira, também acionista de referência nas Americanas, varejista em profunda crise. Sicupira é sócio do grupo 3G, junto com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.
No final de março, a diretora de geração, comercialização e novos negócios da companhia, Alessandra Genu Dutra Amaral, já havia renunciado ao cargo.