Acompanhe a cotação do dólar nesta segunda (10)

Por Folhapress

Dólar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar inicia a sessão nesta segunda-feira (10) em leve queda, negociado a R$ 5,0500 na venda, em uma semana na qual a atenção dos investidores segue voltada à tramitação das novas regras fiscais em Brasília.

Os investidores também repercutem os dados de emprego nos Estados Unidos divulgados na sexta-feira (7), quando os mercados estavam fechados por conta do feriado da Sexta-Feira Santa.

Na B3, às 9h13 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,1%, a R$ 5,0660.

Na quinta-feira (6), em uma sessão de liquidez reduzida por conta do feriado, o dólar e os juros futuros registraram alta após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltar a fazer declarações sobre possíveis alterações na meta de inflação.

A moeda americana encerrou os negócios na última sessão da semana passada em leve alta de 0,19%, a R$ 5,059 na venda, ficando praticamente estável no acumulado da semana.

No mercado de juros futuros, o contrato para janeiro de 2024 avançou de 13,22% para 13,26%, o título para janeiro de 2026 subiu de 11,81% para 11,90%, enquanto o contrato para 2027 passou de 11,90% para 12,00%.

O movimento nos mercados veio após o presidente Lula voltar a mencionar a possibilidade de mudar a meta de inflação, com o objetivo de segurar a taxa de juros no Brasil.

Lula fez a declaração em um café da manhã com jornalistas na quinta. Ao fim da conversa, porém, ele disse que apenas discutia uma fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que não pretende brigar com o chefe da instituição.

Lula se referia a uma hipótese levantada pelo presidente do BC, de que, para cumprir a meta de inflação atual, os juros deveriam estar em 26,5% ao ano -bem acima dos atuais 13,75%. Campos Neto ponderou que aquilo seria impossível.

O petista criticou a hipótese e a política de juros do BC. Em seguida, afirmou: "Se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta".

"Esses dias, eu li uma frase que eu não sei se foi dita pelo presidente do Banco Central que, para atingir a meta de 3%, precisaria de juro de 20% [Campos Neto falou em 26,5%]. Não sei se foi verdade isso, mas no mínimo é uma coisa não razoável. Porque se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta", disse.

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Já o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou na quinta que o arcabouço fiscal proposto pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que promete colocar as contas públicas em ordem, exigirá uma queda da taxa básica de juros (Selic) ?hoje fixada em 13,75% ao ano.

"Isso [plano fiscal] vai exigir, mais do que permitir, uma queda da taxa de juros, porque se as contas estão em ordem, não tem por que pagar um juro tão alto, que é o maior do mundo hoje", afirmou Haddad em entrevista à BandNews TV.

"Penso que está havendo convergência entre a política fiscal, receitas e despesas, e a monetária, que cuida da inflação e da trajetória da dívida pública", acrescentou.

Na quarta, no entanto, o presidente do Banco Central disse que não existe uma relação direta entre o arcabouço fiscal e a queda de juros. Para ele, a proposta pode ajudar no processo de desinflação ao afetar positivamente o canal de expectativas dos agentes econômicos.

"Não existe relação mecânica entre o fiscal e taxa de juros na forma como é colocada. O importante para a gente é atuar dentro do sistema de metas. Nós temos uma meta de inflação e olhamos as expectativas. O mais importante é como as medidas que estão sendo anunciadas afetam o canal das expectativas", disse Campos Neto em evento do Bradesco BBI.

A taxa básica de juros (Selic), definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central vem sendo alvo há meses de ataques de Lula e membros do governo. Para o Executivo, o patamar atual está muito elevado, o que prejudicaria os planos de impulsionar a economia. Já o Copom justifica a decisão diante das incertezas fiscais e deterioração das perspectivas de inflação.

Na Bolsa, o Ibovespa operou perto da estabilidade durante toda a sessão de quinta, encerrando os negócios com leve queda de 0,15%, aos 100.820 pontos. Na semana, o índice recuou 1,04%, tendo marcado na quinta a segunda queda seguida, após fechar em baixa de 0,88% no pregão anterior, quando os investidores reagiram principalmente ao anúncio de mudança na política de preços da Petrobras.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na quarta que a estatal mudaria sua política comercial para adotar um novo modelo, o qual ele batizou de PCI (preço de competitividade interna). Segundo ele, a alteração reduziria o preço do diesel em até R$ 0,25 por litro.

Já na quinta, o presidente Lula desautorizou o ministro de Minas e Energia nas discussões de uma mudança na política de preços da Petrobras. O petista afirmou que o governo ainda vai debater uma alteração nesse cálculo.

No café da manhã com jornalistas, Lula disse que foi "pego de surpresa" pelas declarações do ministro, que provocaram irritação na cúpula da Petrobras.

Na sessão de quinta, as ações de petroleiras privadas estiveram entre as maiores altas do dia, com ganhos de 5,2% da 3R Petroleum e de 4,3% da PetroRio. Já as ações da Petrobras recuaram cerca de 1,2%.

No setor de saneamento, os papéis da Sabesp subiram 0,7%, após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmar que a privatização da empresa contará com um mecanismo para que os municípios tenham participação nos resultados da empresa, o que deve servir como um incentivo para que os prefeitos se engajem na desestatização.

Na semana, entre as maiores quedas na Bolsa, as ações da Natura cederam 15,15%, segundo dados compilados pela plataforma TradeMap. Só na quinta, os papéis da empresa de cosméticos caíram 5,5%.

"Hoje foi mais um dia muito negativo para os papeis da Natura, mais uma vez entre as principais quedas do índice Ibovespa, ainda refletindo o anúncio da venda da Aesop. Mesmo que essa operação represente uma mudança positiva para empresa, deixando uma posição alavancada de balanço para uma situação mais confortável de caixa líquido, o receio do mercado é que ao vender um de seus melhores ativos, a companhia possa ter dificuldade de manter os ganhos para os próximos anos", disse Rodrigo Azevedo, planejador financeiro CFP, economista e sócio-fundador da GT Capital

No exterior, após começar o dia em queda, os principais índices acionários nos Estados Unidos reverteram a tendência para fechar o dia com ganhos moderados antes do feriado. O Nasdaq avançou 0,76% e o S&P 500 teve alta de 0,36%, enquanto o Dow Jones fechou estável.

Nesta segunda, os investidores repercutem os dados do mercado de trabalho divulgados na sexta, quando os mercados permaneceram fechados.

O Departamento do Trabalho americano informou que a economia dos EUA continuou a gerar empregos em ritmo acelerado em março, reduzindo a taxa de desemprego de 3,6% para 3,5%, em sinal de aperto persistente no mercado de trabalho que pode levar o Fed (Federal Reserve, banco central americano) a aumentar as taxas de juros novamente no próximo mês.

As folhas de pagamento não agrícolas aumentaram em 236 mil empregos no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 239 mil vagas.