Gasolina tem maior inflação em dois anos; alimentos caem após cinco altas
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Encher o tanque do carro custou mais para o brasileiro em março, enquanto preparar uma refeição em casa, dependendo dos ingredientes escolhidos, pode ter saído mais em conta do que em fevereiro.
É o que sinalizam os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice oficial de inflação subiu 0,71% no mês passado.
A gasolina, por sua vez, avançou 8,33% no mesmo período. Com isso, o combustível respondeu pelo principal impacto individual (0,39 ponto percentual) no IPCA de março.
A alta de 8,33% é a maior para o combustível em dois anos, desde março de 2021 (11,26%).
De acordo com o IBGE, o resultado reflete o retorno parcial da cobrança de tributos federais. A medida entrou em vigor no mês passado e também atingiu o etanol.
A alta nos preços do etanol foi de 3,20%. Trata-se do maior avanço desde novembro de 2022 (7,57%).
"Os resultados da gasolina e do etanol foram influenciados principalmente pelo retorno da cobrança de impostos federais no início do mês, estabelecido pela Medida Provisória 1.157/2023", disse André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.
Apesar da pressão da gasolina, o IPCA desacelerou em termos gerais. A alta de 0,71% ficou abaixo do avanço de 0,84% registrado em fevereiro.
O comportamento de parte dos alimentos é um dos fatores citados por economistas para explicar a trégua do índice.
Em março, a alimentação no domicílio teve queda (deflação) de 0,14%. Foi a primeira baixa após cinco meses em alta -o último recuo havia sido em setembro de 2022 (-0,86%).
Entre os alimentos, houve queda nos preços da batata-inglesa (-12,80%) e do óleo de soja (-4,01%).
Também foram registrados recuos em produtos como cebola (-7,23%), tomate (-4,02%) e carnes (-1,06%). Do lado dos avanços, o IBGE destacou a cenoura (28,58%) e o ovo de galinha (7,64%).
No cálculo do IPCA, a alimentação no domicílio integra o grupo alimentação e bebidas, que desacelerou a alta para 0,05% em março, após subir 0,16% em fevereiro.
"Pelo lado positivo, um dos destaques ficou por conta de alimentação e bebidas. O grupo possui o maior peso e avançou somente 0,05%", disse em relatório o banco Original.
"Esse valor é ainda mais significante considerando que a alimentação no domicílio, a mais essencial, teve deflação", completou.
Para o banco, o movimento sinaliza um "ajuste gradual" nas cadeias de produção em um cenário de melhores condições de safra.
André Almeida, do IBGE, disse que um dos fatores por trás do resultado da alimentação no domicílio é a recomposição da oferta de parte dos produtos. Neste ano, as projeções indicam safra recorde no Brasil.
No caso das carnes, o analista lembrou que a suspensão das exportações brasileiras para a China pode ter reduzido os preços ao elevar a quantidade de mercadorias destinadas para o mercado interno.