Mais dois servidores entram na disputa por diretorias no BC
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Numa reviravolta, o Banco Central tenta emplacar mais dois funcionários de carreira na disputa pelas diretorias de Política Monetária e de Fiscalização, cujos mandatos expiraram em 28 de fevereiro e aguardam novos ocupantes.
São eles Bellini Santana, chefe do departamento de Supervisão, ligado à Diretoria de Fiscalização, e Ailton Santos, chefe do Departamento de Contabilidade e Execução Financeira, área vinculada à diretoria de Administração.
Ambos são negros, como outro candidato, Rodrigo Monteiro, também servidor de carreira da instituição, cotado para ficar na diretoria de Fiscalização. Se alguma dessas indicações se confirmar, será a primeira vez que haverá um diretor negro na instituição.
Quem acompanha o processo diz que os dois novos nomes ganharam força nos últimos dias. Santana e Santos são indicações mais alinhadas à cúpula da instituição, enquanto Monteiro é um nome com apoio da maior parte dos servidores.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem dito publicamente que não participa das mudanças nas diretorias.
Os dois novos nomes já foram sugeridos ao governo, e o ministro da Fazenda Fernando Haddad já teve uma conversa com os dois, de acordo com pessoas que acompanham o processo.
Também já havia sido apresentado o nome de Rodolfo Fróes, cotado para o posto de diretor de Política Monetária.
Fróes trabalhou no Bank of America, na Ritchie Capital Management e foi membro do conselho do Banco Fator, instituição que foi presidida pelo atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.
A composição da diretoria sempre foi alvo de disputas. No entanto, no momento, a escolha passou a ser considerada mais sensível, por causa do debate sobre a definição da Selic, taxa básica de juros que é determinada pelo Copom (Comitê de Política Monetária), do qual os diretores fazem parte.
O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) faz críticas recorrentes ao Banco Central por manter a Selic em 13,75%
A lei da autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, determinou que cabe ao presidente da República a indicação dos nomes dos diretores. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os nomes são, então, levados ao plenário para aprovação.
No organograma do Banco Central, abaixo da presidência há 8 diretorias, cujos mandatos vencem escalonadamente.
Em 28 de fevereiro, venceram os mandatos dos diretores Bruno Serra Fernandes, de Política Monetária, e Paulo Souza, Bruno Serra Fernandes, de Fiscalização.
Pelo cronograma do BC, os próximos mandatos a expirar são de Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, e de Mauricio Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta --ambos em 31 de dezembro deste ano.
Em dezembro do ano que vem, terminam os mandatos de Campos Neto, do diretor de Regulação, Otavio Damaso, e da diretora de Administração, Carolina de Assis Barros.