Dólar cai após dados de inflação dos EUA; Bolsa sobe pelo 5º pregão seguido

Por MARCELO AZEVEDO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou em alta nesta quarta-feira (10), marcando o quinto pregão seguido de ganhos ?em uma alta acumulada de 5,5%. Já o dólar voltou a cair, após a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos.

No dia, o Ibovespa teve alta de 0,31%%, a 107.448 pontos. O dólar caiu 0,74%, a R$ 4,951.

Nos mercados futuros, os juros para janeiro de 2024 subiram de 13,24% para 13,26%. Já os contratos com vencimento em 2025 caíram de 11,76% para 11,70%, e os de 2026, de 11,44% para 11,34%.

A Bolsa brasileira foi pressionada pela queda de 1,88% da Vale, ação mais negociada da sessão. A queda de 0,24% nas ações preferenciais da Petrobras, acompanhando o declínio no preço internacional do petróleo, também pesou.

Por outro lado, altas do Itaú (1,47%), da Localiza (1,90%) e da Eletrobras (3,34%), que completam a lista dos papéis mais negociados desta quarta, apoiaram o Ibovespa.

O destaque do dia, porém, foi a Yudqs, que subiu 23,80% após a divulgação do seu balanço do primeiro trimestre. Acompanharam a empresa entre os maiores ganhos a Cogna (6,98%) e a MRV (6,54%).

Já o dólar continuou a cair nesta quarta após a divulgação de que o índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 0,4% em abril, em linha com o esperado pelo mercado. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 4,9%, após avançar 5,0% na comparação anual em março.

Os números sinalizam um alívio na inflação americana e reforçam as expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve manter a taxa de juros do país inalterada em sua próxima reunião.

Um eventual afrouxamento dos juros pelo Fed pode beneficiar o real e outras divisas de países emergentes, que passariam a ser mais atraentes quando comparadas ao dólar.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, teve queda de 0,16% nesta quarta.

No caso específico do real, a moeda teve uma performance melhor do que vários pares em função de um noticiário mais positivo para a área fiscal, conforme avaliação do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Além da perspectiva de andamento no Congresso do projeto do novo arcabouço fiscal, repercutiram positivamente declarações durante evento na terça-feira em Nova York do presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), em defesa da reforma administrativa.

"O grande movimento do câmbio hoje [quarta-feira] é algo externo. Mas a fala do Lira traz um pouco mais de luz para o fiscal, o que contribui para o Brasil performar melhor que seus pares [no mercado de moedas]", afirmou Sanchez.

Já os índices americanos Nasdaq e S&P 500 fecharam o dia com alta de 1,04% e 0,45%, depois de um dia de perdas na véspera. O Dow Jones, porém, teve leve queda de 0,09%.

Investidores acompanham, ainda, as negociações sobre um possível aumento do limite da dívida americana após o presidente Joe Biden ter se reunido com republicanos para pedir um aumento do teto na terça (9).

O governo corre para tentar evitar um calote histórico de suas dívidas de dezenas de trilhões de dólares, que poderia desestabilizar os mercados financeiros globais, até o dia 1° de junho.

**ENTENDA O TETO DOS EUA**

O que os democratas e republicanos estão discutindo?

Os partidos buscam chegar a um acordo sobre o tanto que o governo americano pode se endividar. Atualmente, a dívida pública dos EUA é de US$ 31,4 trilhões.

Por que isso importa?

Se o teto da dívida não for aumentado, ou se não houver um corte de gastos, o governo pode ser forçado a um calote, o que geraria uma crise profunda no mercado financeiro global.

Até quando o acordo deve ser feito?

Segundo o Departamento do Tesouro, o país tem até 1º de junho para elevar o teto da dívida.

Quais são os resultados possíveis?

- O Congresso pode aumentar o teto da dívida sem condicionalidades, resultado que os democratas desejam. É também o acordo historicamente mais comum quando os EUA chegam perto de estourar o teto.

- Os dois lados podem chegar a um acordo que eleve o teto da dívida, mas condicionado a um corte de gastos públicos, resultado desejado pelos republicanos.

- Se as partes não chegarem a um acordo, o governo Biden ainda considera recorrer à 14ª Emenda da Constituição, mas para fazê-lo seria necessário uma decisão judicial.

- A última possibilidade, e a mais improvável, é que o governo dos EUA atinja o teto da dívida sem acordo definido e não possa mais pagar por nada, incluindo programas federais ou a própria dívida, gerando um colapso financeiro.