Inflação de maio deve ficar perto de 0,25% após Petrobras reduzir preços
RIO DE JANEIRO, RJ E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após subir 0,61% em abril, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve desacelerar para perto de 0,25% em maio e de 0,15% em junho, projeta o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
De acordo com Braz, a perda de força prevista para o IPCA está associada em parte aos possíveis efeitos da redução nos preços de combustíveis anunciada pela Petrobras nesta terça-feira (16).
A estatal informou que, a partir desta quarta (17), a gasolina terá baixa de R$ 0,40 por litro nas refinarias (-12,6%). Enquanto isso, o óleo diesel será reduzido em R$ 0,44 por litro (-12,7%), e o botijão de gás de 13 quilos (GLP) cairá R$ 8,97 (-21,4%).
"Vai ser uma baita contribuição para segurar a inflação nesses dois meses [maio e junho]. Agora, em julho, a gente não pode esquecer que tem novo aumento da gasolina pelo nivelamento do ICMS [imposto estadual]. O ICMS vai ter reajuste nos estados, vai subir", pondera Braz.
"Isso não altera muito a expectativa de inflação para o final do ano. É um jogo de soma zero. Ela cai agora e volta a subir em julho", acrescenta.
O economista segue com a projeção de IPCA perto de 6,2% no acumulado de 12 meses até dezembro de 2023. Até abril, o índice marcou 4,18% nesse recorte, segundo os dados mais recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A queda do gás de cozinha, que compromete 1,3% do orçamento familiar, pode chegar ao consumidor na forma de uma redução de 15%, estima Braz.
"Isso significa que o IPCA dos próximos 30 dias vai ser impactado em cerca de 0,17 ponto percentual. Metade disso ficaria no mês de maio e metade em junho. Então, esse impacto não vai ser totalmente sentido neste mês."
No caso da gasolina, que compromete aproximadamente 5% do orçamento familiar, a queda para o consumidor pode chegar a 8%, segundo Braz. Isso geraria um impacto no IPCA de baixa de 0,40 ponto percentual: 0,20 no mês de maio e 0,20 em junho.
O diesel, por sua vez, tem um peso pequeno no orçamento das famílias, de 0,3%, diz o economista. O combustível, no entanto, influencia os preços do frete, do transporte público e das máquinas no campo. Ou seja, costuma provocar impactos indiretos para o consumidor.
"O efeito dele é mais espalhado, mas pode ser tão importante quanto o da gasolina. Quem sabe diminuindo os custos de escoamento da produção agrícola a gente consiga ver o efeito mais espalhado", afirma.
"Se a gente juntar a contribuição do GLP [0,08 ponto percentual em maio e 0,08 em junho] com a da gasolina [de 0,20 ponto percentual em cada mês], a gente tem mais ou menos 0,30 ponto percentual de desaceleração da inflação em maio e 0,30 em junho", completa Braz.
Na mediana, analistas do mercado financeiro projetam IPCA de 6,03% no acumulado de 12 meses até dezembro, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (15) pelo BC (Banco Central).
Antes de anunciar os cortes nos preços de gasolina, diesel e gás de cozinha, a Petrobras confirmou nesta terça a substituição da política de PPI (preço de paridade de importação), que definia os reajustes dos combustíveis com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos.
O novo modelo da estatal deixa de considerar o custo de importação e mira na busca por clientes e no custo de oportunidade de venda dos produtos. Há expectativa de que a medida contribua para reduzir os preços no país.