Bolsa tem potencial de dobrar número de CPFs para 10 milhões, diz presidente da CVM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Pedro Nascimento, afirmou que a Bolsa de Valores brasileira tem potencial para dobrar o número de CPFs que investem em ações e fundos listados no mercado, saltando de cerca de 5 milhões para 10 milhões de investidores nos próximos anos.
Segundo Nascimento, estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) indicam que, nos países em desenvolvimento, cerca de 5% da população tem algum tipo de participação no mercado de capitais.
Considerando o tamanho da população brasileira em torno de 220 milhões, o mercado local tem potencial para dobrar o número de investidores, afirmou o presidente da CVM.
Nascimento afirmou que os FIAgro, fundos de investimento destinados ao investimento no agronegócio, são uma alternativa com grande potencial para atrair um número maior de investidores no país.
"O FIAgro é um propulsor do crescimento [do mercado de capitais]", disse o especialista durante evento da XP nesta quarta-feira (31). Ele acrescentou que o agro representa cerca de 25% a 28% do PIB, enquanto a participação do setor no mercado é de somente 5%.
O presidente da CVM afirmou que a instrução 175 que trata das regras dos fundos de investimento e que entra em vigor em outubro deve contribuir para o crescimento dos fundos voltados ao agro, por trazer maior segurança e aumentar a transparência do produto. Os FIAgro têm a capacidade de melhorar e simplificar o diálogo dos agentes do mercado com o campo, afirmou Nascimento.
"Se a gente trouxer ferramentas mais adequadas, o agronegócio poderá se financiar pelo mercado inclusive com taxas mais atraentes do que o sistema bancário tradicional", disse o especialista.
O presidente da CVM afirmou ainda que o tema das finanças sustentáveis também deve contribuir para o crescimento de investidores no mercado de capitais brasileiro.
Ele levantou a possibilidade de serem estruturados FIAgros dedicados a estratégias de baixo carbono que, em sua avaliação, teriam grande demanda de agentes financeiros. "O Brasil tem vocação para ser líder na área [das finanças sustentáveis]", afirmou Nascimento.
Entre as prioridades no radar da autarquia também está a de regular o mercado de criptomoedas, de modo a aumentar o nível de segurança e permitir uma expansão desse nicho de mercado sobre bases mais sólidas.
Segundo Nascimento, dada a informalidade do mercado cripto, não é possível mensurar com exatidão a quantidade de pessoas que investem no segmento, mas dados preliminares indicam cerca de 15 milhões de investidores no país.
Por fim, o presidente da CVM disse que as SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) também estão no radar da CVM. Os grupos que passaram a comprar o controle de clubes de futebol no Brasil nos últimos meses, se regulados, teriam potencial de emitir valores mobiliários e ter uma capacidade mais abrangente de atuação no mercado local, afirmou Nascimento.
"Trazer as SAFs para dentro do mercado de capitais pode fazer a gente aumentar o número de emissores e investidores", disse Nascimento, acrescentando que a CVM planeja divulgar nos próximos meses um parecer de orientação referente às sociedades anônimas.