Commodities e PIB impulsionam Bolsa na semana; dólar cai após dados de emprego nos EUA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou com forte alta e registrou mais uma semana de ganhos nesta sexta-feira (2), impulsionada por ações da Petrobras e da Vale e apoiada pelo crescimento acima do esperado da economia brasileira no primeiro trimestre.
Já o dólar teve mais um dia de queda com o aumento da expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve promover uma pausa na alta de juros nos Estados Unidos. A aprovação do projeto de lei que suspende o teto da dívida americana no Senado também impactou a moeda.
O Ibovespa teve alta de 1,80% nesta sexta, chegando aos 112.558 pontos, melhor patamar desde janeiro. Na semana, o índice acumula alta de 1,46%.
O dólar, por sua vez, caiu 1,03% e fechou cotado a R$ 4,954, acumulando desvalorização de 0,61% na semana.
O desempenho da Bolsa brasileira nesta sexta foi sustentado principalmente pelas ações da Vale, que foram as mais negociadas da sessão e subiram 4,37% em meio à alta nos contratos futuros do minério de ferro.
Os papéis da CSN e da CSN Mineração também foram beneficiados pela alta da commodity e ficaram entre os maiores ganhos do dia, subindo 4,91% e 4,47%, respectivamente. A Cosan liderou os ganhos do dia, registrando alta de 7,90% após o BTG Pactual ter reforçado a recomendação de compra das ações da companhia.
Auxiliou o Ibovespa, ainda, a Petrobras, que teve alta de 1,29% nas ações ordinárias e de 0,81% nas preferenciais favorecida pelo avanço dos preços do petróleo no exterior.
No lado negativo, ações da Via, da Magazine Luiza e da Totvs tiveram as maiores quedas -de 10,36%, 4,68% e 4,19%, respectivamente- após sofrerem cortes de recomendações de compra.
Apesar de ter começado a semana registrando quedas em sequência, a Bolsa brasileira registrou fortes altas nos últimos dois pregões, especialmente com as projeções positivas para a economia brasileira nos próximos meses.
Na quinta-feira (1°), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,9%, surpreendendo positivamente analistas e desencadeando uma série de revisões para cima das projeções para a economia brasileira em 2023.
Já as expectativas para a inflação do país vêm caindo, e apostas de um corte na Selic no segundo semestre ganharam ainda mais força nas últimas semanas. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) de maio, por exemplo, veio abaixo das expectativas do mercado.
Além disso, pronunciamentos recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostram uma mudança no tom mais duro sobre os juros que a autoridade monetária vinha apresentando ao longo do ano. Ele afirmou, em maio, que o cenário para a economia brasileira está ficando mais claro e que os núcleos de inflação começaram a ceder.
Com isso, as curvas de juros futuros apresentam queda desde o início do mês passado. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024, por exemplo, fecharam o dia em 13,21%, ante 13,25% no início de maio. Para 2025, o declínio foi ainda maior: saíram de 11,98% para 11,47%.
Um cenário de redução de juros tende a beneficiar empresas ligadas à economia doméstica na Bolsa, como as do setor de consumo e do setor imobiliário, o que pode impulsionar ainda mais o Ibovespa neste ano.
A Bolsa brasileira foi favorecida nesta sexta, ainda, pelo otimismo no mercado financeiro americano.
Na quinta, o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto de lei que suspende o teto da dívida do país, afastando o risco de um calote do Tesouro americano que poderia desestabilizar os mercados financeiros globais. A votação trouxe alívio a investidores, que operavam em cautela havia semanas enquanto o impasse sobre a dívida não era resolvido.
Já nesta sexta, o Departamento de Trabalho do país divulgou dados de emprego melhores que o esperado, com a criação de postos de trabalho em maio superando a previsão de analistas. Houve, porém, uma moderação dos salários no mês, o que reforçou apostas de que os juros americanos devem se manter inalterados em 5,25% na próxima reunião do Fed.
As recentes falências do Sillicon Valley Bank (SVB) e do First Repbulic Bank também podem pesar na decisão da autoridade americana, destaca Alan Dias Pimentel, analista da Blue3 Investimentos.
"O Fed ainda considera a possível quebra de outros bancos regionais nas decisões sobre juros. Por isso, a tendência é de uma política mais leve após a divulgação desses dados", diz ele.
Nesse cenário, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam em alta de 2,12%, 1,45% e 1,07%, respectivamente.
O dólar, porém, foi impactado negativamente pelas expectativas sobre a reunião do Fed. Isso porque a moeda americana seria apreciada em caso de aumento de juros, já que a renda fixa americana se tornaria mais atrativa nesse cenário.
O economista Alexsandro Nishimura, da Nomos, destaca, ainda, que um fluxo de capital estrangeiro para o Brasil, em meio às expectativas econômicas para o país, e o ganho de força de moedas de países emergentes e produtores de commodities também contribuíram para o desempenho do real nesta sexta.
Assim, o dólar teve recuo ante a moeda brasileira, mas registrou alta em relação a outras moedas fortes. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante essas divisas, teve alta de 0,46%.