Bolsa atinge melhor patamar desde abril de 2022 antes de decisão sobre Selic

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira subiu nesta quarta-feira (21) e fechou acima dos 120 mil pontos, chegando a seu melhor nível de fechamento desde abril de 2022, em meio a expectativa do mercado com a decisão do Banco Central (BC) sobre a Selic (taxa básica de juros) e impulsionada pelas ações da Petrobras.

Já o dólar voltou a cair e renovou seu menor valor do ano após um discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) no Congresso americano. A moeda segue pressionada pelo diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente com a pausa do aperto monetário promovida pelo Fed na semana passada.

Com isso, o Ibovespa teve alta de 0,66%, atingindo os 120.420 pontos, enquanto o dólar caiu 0,60%, cotado a R$ 4,768.

A previsão do mercado é que a Selic seja mantida em 13,75% nesta quarta. Investidores aguardam, no entanto, uma possível sinalização do comitê sobre o início de um corte nos juros em agosto, aposta que ganhou força nas últimas semanas, especialmente após dados de inflação melhores que o esperado em maio.

"Investidores devem avaliar após o fechamento do mercado o comunicado do Copom, após decisão de juros, que poderia trazer alguma sinalização de corte da Selic", afirmou a equipe do Safra. "A expectativa é que o BC tenha um tom mais brando após dados apontarem a queda da inflação", disse em nota a clientes.

Ainda no cenário doméstico, agentes financeiros acompanham a tramitação da nova regra fiscal no Senado, após a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) da Casa aprovar mais cedo o texto principal da proposta de arcabouço fiscal.

Com isso, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2024 tiveram leve alta, mas seguem em baixo patamar, indo de 12,99% para 13,01%. Os para 2025 saíam de 11,07% para 11,10%.

Nesse cenário, a Bolsa brasileira tinha alta impulsionada pelas ações da Petrobras, que subiram 4,25% em dia de alta do petróleo no exterior e após os papéis da petroleira terem recomendação de compra elevada pelo Goldman Sachs na terça. Altas da PetroRio (6,94%), do Itaú (0,97%) e do Banco do Brasil (3,15%) também apoiaram o Ibovespa.

Na outra ponta, o índice foi pressionado por queda de 1,01% nas ações da Vale, impactada pela queda do minério de ferro no exterior, e de 7,42% na Embraer, que registra perdas desde a véspera após projetar maiores custos de voos ao longo dos próximos anos.

No câmbio, o dólar voltou a registrar perdas antes da decisão sobre juros no Brasil.

"O que o mercado quer olhar é o que o Roberto Campos Neto e o Banco Central de forma geral vão dar para as próximas reuniões e até o fim do ano, porque isso impacta muito o câmbio", disse Gabriel Mota, operador da Manchester Investimentos. "O câmbio tem sido visto de forma muito atrativa porque nossa taxa de juros está muito alta, então a gente consegue trazer bastante recurso estrangeiro."

Embora a moeda brasileira tenda a se beneficiar de juros mais altos, boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.

O dólar também teve queda ante outras moedas fortes na tarde desta quarta.

Nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou em depoimento no Congresso americano que as pressões inflacionárias do país continuam elevados e afirmou que ainda há um "longo caminho" a ser percorrido até que a inflação americana seja estabilizada na meta de 2% da autoridade monetária.

O discurso de Powell gerou preocupação no mercado sobre uma possível nova alta nos juros americanos, derrubando os índices acionários do país. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram queda de 0,30%, 0,52% e 1,21%, respectivamente.