Tok&Stok fecha 17 lojas, recebe R$ 100 milhões de fundo e renegocia R$ 350 milhões em dívidas

Por FERNANDA BRIGATTI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A rede de lojas de móveis e itens de decoração Tok&Stok fechou nesta segunda (26) a reestruturação de sua dívida bancária, que soma cerca de R$ 350 milhões, e anunciou o recebimento de R$ 100 milhões do fundo Carlyle, seu acionista controlador.

Em comunicado divulgado no fim da tarde desta segunda, a companhia diz que já está com geração de caixa positivo, depois de uma reorganização que incluiu o fechamento de 17 lojas não rentáveis.

Segundo a empresa, a reestruturação da dívida permitirá a liberação do pagamento aos bancos pelos próximos dois anos, "permitindo que a operação volte a ser prioridade."

A Tok&Stok diz que sua estratégia de recuperação prevê um "back to basics" (volta ao básico), que inclui a simplificação do organograma da companhia, da gestão de processos nas lojas e da operação do centro de distribuição. Também está prevista uma "transformação digital rentável", afirma a empresa.

Os alertas sobre a situação econômica da rede de varejo foram dados depois que o Vinci Logística Fundo Imobiliário foi à Justiça para despejar o centro de distribuição da Tok&Stok, em Extrema (MG), por atraso no pagamento de aluguel. A ação foi encerrada depois que a rede quitou o débito.

No início de junho, o Iguatemi de Ribeirão Preto (interior de São Paulo) conseguiu uma liminar para obrigar a varejista a desocupar a loja que aluga. A rede estaria inadimplente com o pagamento da locação desde fevereiro e já deve R$ 212,7 mil, segundo a decisão.

No comunicado divulgado nesta segunda, a Tok&Stok não detalha se a renegociação de dívidas inclui também as ações de despejo -a rede Iguatemi tem pelo menos outros dois processos de despejo- ou um pedido de falência apresentado por um prestador de serviços.

"Diante de um momento desafiador de mercado, a empresa coloca seu foco na gestão de caixa e melhora da operação", disse a rede, em nota. A Tok&Stok tem agora 51 lojas que, segundo a empresa, operam no positivo.

"A conclusão dessa reestruturação financeira representa um sinal de confiança tanto dos credores financeiros, como dos próprios acionistas, que seguem otimistas em relação à retomada operacional da marca", disse a empresa.

A Tok&Stok foi fundada em 1978 pelo casal de franceses Régis e Ghislaine Dubrule, de olho no consumidor das classes A e B.

Suas lojas são conhecidas pelos ambientes decorados e pelas parceiras com designers nacionais. No ano passado, envolveu-se em polêmica ao colocar à venda as cadeiras originais da arquibancada laranja do estádio do Pacaembu, por preços de R$ 1.499 a R$ 1.799.

Em 2020, a Estok, nome empresarial da Tok&Stok, chegou a se preparar para ser listada na Bolsa e até pediu registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas o plano não avançou.