Bolsa cai puxada por Sabesp, Vale e Petrobras; dólar sobe com aversão ao risco global
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira caía no início da tarde desta terça-feira (1°) puxada por Vale, Petrobras e Sabesp, enquanto investidores aguardam a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros do Brasil, que será divulgada na quarta (2).
Já o dólar operava em forte alta após notícias negativas sobre dados de atividade econômica da China e da Europa, que aumentam o sentimento de aversão ao risco no exterior.
Às 12h45, o Ibovespa tinha baixa de 0,91%, aos 120.821 pontos, enquanto o dólar subia 1,16%, aos R$ 4,784.
A sessão desta terça é marcada por pessimismo para ativos de risco. Dados divulgados pela manhã mostraram que o PMI (índice de gerentes de compras) industrial da China caiu para 49,2 em julho, em seu primeiro declínio desde abril, o que causou temor nos mercados globais.
"O receio com a desaceleração econômica na segunda maior economia do mundo se sobrepôs à iniciativa do governo, que sinaliza mais estímulos à atividade no país", disse a Guide Investimentos em nota a clientes, destacando queda das Bolsas, desvalorização de commodities e um dólar mais forte nesta manhã.
Além disso, afirmou a Guide, dados fracos sobre a atividade industrial na zona do euro também minavam o otimismo dos investidores com as perspectivas econômicas globais.
Com isso, os principais índices acionários mundiais operavam em queda.
Os americanos S&P 500 e Nasdaq caíam 0,30% e 0,46%, respectivamente, enquanto o Dow Jones mantinha-se em estabilidade. Já o pan-europeu Stoxx 600 recuava 1,23%.
No Brasil, a baixa do Ibovespa era puxada principalmente por quedas da Petrobras (2,37%), em dia de correção após forte alta na véspera e de fraqueza do petróleo no exterior, e da Vale (1,30%), impactada pela instabilidade do minério de ferro.
A maior queda do dia era da Sabesp, com recuo de 3,90% após o governo de São Paulo ter definido o modelo de privatização da companhia, que prevê uma oferta pública de ações (follow-on) da empresa.
No mecanismo escolhido, o governo não se retira totalmente da empresa. O estado, que hoje tem 50,3% da companhia, perderia o controle. A fatia que continuaria a pertencer ao governo ainda será definida, de acordo com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No câmbio, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes avançava 0,38% no dia, conforme investidores também aguardavam dados econômicos dos EUA. A moeda americana é favorecida pelo aumento da aversão ao risco globalmente.
No Brasil, o Copom inicia sua reunião para deliberar sobre a taxa básica de juros Selic, com ampla expectativas de que um ciclo de corte de juros seja iniciado. Alguns analistas já apostam que o BC cortará a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, em 0,50 ponto percentual, mas economistas consultados pelo Banco Central no boletim Focus desta semana projetavam redução mais branda, de 0,25 ponto.
Nos mercados futuros, as curvas de juros tinham alta, após fortes quedas nos últimos dias justamente pelo aumento das projeções de um corte de maior magnitude na Selic. Os contratos para janeiro de 2024 saíam de 12,58% para 12,62%, enquanto os para 2025 iam de 10,60% para 10,68%.
O nível atual dos juros é apontado como um apoio para o real ao torná-lo mais atraente para estratégias de "carry trade", que buscam lucrar com diferenciais de custos de empréstimo entre economias.
No entanto, alguns participantes do mercado argumentam que, mesmo após o início do afrouxamento da política monetária do BC, a Selic seguirá em nível restritivo, dando suporte à moeda brasileira, ao mesmo tempo que prevalece uma visão mais otimista sobre a economia doméstica.