É preciso confiança maior para intensificar redução dos juros, diz diretor do BC
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, afirmou nesta terça-feira (8) que o início do ciclo de corte da taxa básica de juros, a Selic, ocorreu após a autoridade monetária atingir a confiança necessária para a medida.
Guillen disse que corroboraram para isso a melhora consistente na dinâmica inflacionária, a manutenção da meta da inflação, que deu credibilidade para o novo regime metas, com uma reancoragem das expectativas do mercado quanto à meta da inflação, além da queda das taxas de juros futuros.
O diretor do BC afirmou, contudo, que, para intensificar o corte da taxa em um nível maior do que 0,50 ponto percentual do último corte, é preciso confiança ainda maior nos indicadores macroeconômicos.
Guillen citou a persistência em nível elevado da inflação de serviços e dos núcleos da inflação, ou seja, dos itens cujos preços são menos sensíveis à volatilidade do mercado, como motivos para uma manutenção de uma política monetária mais contracionista.
"Temos compromisso com o atingimento da meta [da inflação]", afirmou Guillen durante a TAG Summit 2023, que reuniu investidores em São Paulo. A meta para 2023 é de 3,25%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite da meta para este ano é de 4,75%.
Guillen expôs alguns dados durante sua exposição para mostrar como o Brasil está em sintonia com uma tendência mundial. "O grande aperto monetário está perto do máximo globalmente", analisou.
No exterior, o diretor ainda observa uma resistência dos núcleos da inflação e dos preços no setor de serviços, que se mantêm elevados, embora tenha reconhecido que esteja havendo uma desaceleração. Segundo Guillen, a normalização da cadeia de suprimentos colabora para isso.
"Os problemas de cadeias globais de produção ficaram para trás. As cadeias de produção já voltaram ao normal", disse.
Questionado sobre os dois novos nomes de diretores do Banco Central indicados pelo governo -Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santo, diretores de Política Monetária e de Fiscalização, respectivamente-, Guillen disse que há um excesso "de tinta sendo gasto nesse debate".
Ele afirmou que as discussões dentro do BC continuam permeadas por questões técnicas. "O corpo técnico contribui muito no debate, traz estudos, ajuda a organizar a cabeça para pensar em estratégias."