Disputa entre montadoras brasileiras e chinesas, preço dos imóveis em alta e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Disputa entre montadoras brasileiras e chinesas, preço dos imóveis em alta e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (6).
**MONTADORAS BRASILEIRAS AVANÇAM SOBRE CHINESAS**
Preocupadas com o avanço no país da venda de veículos elétricos que vêm do exterior, principalmente da China, as montadoras brasileiras devem pedir ao governo um plano para taxar a importação de modelos elétricos.
ENTENDA
A Anfavea (representante das montadoras) defende o fim da isenção do Imposto de Importação (alíquota de 35%, mas que é zerado para os elétricos) para fabricantes de países que têm legislações ambientais mais permissivas que as normas brasileiras.
A mira é nos carros produzidos na China, país que exige menos investimentos na adequação de suas linhas de montagem à agenda ambiental.
EM NÚMEROS
As vendas de carros eletrificados (híbridos e totalmente elétricos) têm saltado nos últimos meses.
O total acumulado de janeiro até agora já superou todo o volume de 49,2 mil unidades de 2022, segundo os dados da Anfavea.
A entidade diz que o Brasil deixou de arrecadar neste ano cerca de R$ 2 bilhões por conta da isenção do Imposto de Importação sobre elétricos. Desse total, R$ 1,1 bilhão é relativo a veículos importados da China.
Montadoras chinesas como GWM e BYD já anunciaram investimentos bilionários e instalação de fábricas no país, mas até elas começarem a entregar os veículos vão importar carros eletrificados, com preços competitivos.
Os hatches GWM Ora 03 e BYD Dolphin, por exemplo, custam R$ 150 mil no mercado nacional. São veículos 100% elétricos que disputam espaço com automóveis flex feitos no Brasil.
Ricardo Bastos, que é diretor de relações de assuntos institucionais da GWM e presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), diz que, quando a produção de veículos híbridos e elétricos tiver início no país, a importação será naturalmente reduzida.
**POR QUE AÇÕES DE VIA CAEM**
As ações da varejista Via (dona de Casas Bahia e Ponto) despencaram 7% nesta terça e acumulam queda de 30% em 12 pregões, enquanto recuam quase 50% no ano.
ENTENDA
No curto prazo, a sangria dos papéis está relacionada a uma oferta subsequente de ações (follow-on) anunciada nesta terça para levantar cerca de R$ 1 bilhão no mercado e melhorar a estrutura de capital da empresa.
A depender dos objetivos, follow-ons tendem a não agradar aos investidores, porque eles podem ter sua participação diluída se decidirem não acompanhar a oferta com um novo aporte.
A necessidade de caixa da empresa vem na esteira do balanço do segundo trimestre, em que ela reportou prejuízo de R$ 492 milhões ?piora significativa em relação aos R$ 6 milhões de lucro no mesmo período do ano passado.
O ponto de atenção está no endividamento: além dos R$3,7 bilhões de dívida bruta e R$ 1,5 bilhão com risco sacado, a empresa reportou outros R$ 8,7 bilhões de empréstimos e financiamentos nas notas explicativas do balanço.
Dessa cifra, R$ 5 bilhões são de repasse para instituições financeiras em operações com crediário ?a Via oferece parcelamento de compra ao cliente e financia a operação por meio de empréstimo com o banco.
A dívida dessa modalidade no segundo trimestre foi em média de 17,56% ao ano ?esse é um dos buracos que a varejista quer atacar com o follow-on.
Mas os problemas da Via não são de hoje. Além do cenário de juros altos, que penaliza o setor do varejo como um todo, os analistas dizem que a empresa tomou algumas decisões erradas nos últimos anos, como um investimento agressivo na pandemia que não gerou resultados duradouros.
**PREÇO DOS IMÓVEIS SEGUE ACIMA DA INFLAÇÃO**
Os preços dos imóveis no Brasil subiram 0,44% em agosto, segundo o Índice FipeZAP+. O avanço ficou acima do IGP-M , o índice referência para o reajuste de aluguéis, que teve deflação de 0,14%, e do IPCA-15, prévia da inflação, que teve alta de 0,28% no período.
MAIS NÚMEROS
O preço médio calculado para as 50 cidades monitoradas pelo FipeZAP, que se baseia em anúncios na internet de imóveis residenciais para venda, foi de R$ 8.584 o metro quadrado em agosto.
O maior aumento no período foi nos imóveis de um dormitório (+0,54%), com metro quadrado de R$ 10.125. Em 12 meses até agosto, a alta é de 6,92%.
Entre as capitais, Vitória assumiu a liderança, com R$ 10.626. Na sequência, vêm São Paulo (R$ 10.528) e Florianópolis (R$ 10.448).
Balneário Camboriú (SC) segue sendo a cidade com o m² mais caro do país (R$ 12.435).
MAIS SOBRE MERCADO IMOBILIÁRIO
Inquilino pode reformar? A influenciadora Dora Figueiredo foi assunto nas redes sociais com o relato de que terá que devolver o apartamento alugado que reformou inteiro durante a pandemia.
- Após ter remodelado o imóvel de 35 m², ela conta que o preço do aluguel aumentou e, para devolver o apartamento ao proprietário, precisou retirar tudo o que havia mudado.
O que diz a lei? Os inquilinos têm direito de personalizar os imóveis que alugam, mas os contratos costumam demandar autorização prévia do dono do imóvel na maioria das mudanças.
- Pela regra geral da lei de locações, os locatários têm direito à indenização no caso de benfeitorias necessárias, que são aquelas feitas para reparo, como o de um vazamento ou a troca de um telhado prestes a cair.
**'HACKS' PARA SITES DE CURRÍCULO NÃO FUNCIONAM**
As plataformas de candidaturas para vagas de emprego são uma espécie de pesadelo para muitos candidatos, que reclamam da demora dos processos seletivos e da falta de retorno sobre as vagas pretendidas.
Em resposta à incerteza, influenciadores vêm usando as redes sociais para dar dicas de como se recolocar no mercado, mas nem todas são válidas.
ENTENDA
Ima delas é aquela que orienta os candidatos a encher o currículo de palavras-chave em tamanho pequeno e escritas na mesma cor do fundo do currículo, para não aparecer aos olhos humanos.
A ideia seria para que os sistemas das plataformas de emprego, que fazem um primeiro filtro dos candidatos por meio de IA, selecionassem aquele perfil como um dos melhores concorrentes à vaga.
O problema é que o truque da fonte branca não funciona em algoritmos baseados em IA, de acordo com Bianca Ximenes, pesquisadora sobre ética em aprendizado de máquina.
O QUE DIZEM OS SITES
- A Gupy usa IA para ordenar os candidatos e afirma que as pessoas não precisam recorrer a palavras-chave. Ela diz que o algoritmo lê o contexto do que está no currículo.
- A Catho usa a ferramenta para encontrar semelhanças entre os atributos elencados no currículo do candidato e o que a vaga pede. A empresa considera experiências profissionais, habilidades técnicas, formação e outros critérios.
- A InfoJobs usa técnica similar.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
JUROS
Câmara aprova PL do Desenrola, que prevê limite para juros no rotativo. Texto foi aprovado em votação simbólica e agora segue para apreciação do Senado.
MERCADO
Brasil lança 3 tipos de títulos sustentáveis para financiar ações ambientais ou sociais. Governo apresenta arcabouço da emissão, documento que detalha políticas a serem financiadas pelos recursos.
MERCADO
Light desiste de recuperação judicial polêmica. Plano da empresa era questionado por credores e pela Aneel.
MERCADO
Petróleo atinge maior valor em 10 meses com sauditas e russos estendendo cortes. Valor ultrapassa os US$ 90 (cerca de R$ 447,3) por barril, o que não acontecia desde novembro do ano passado.