Bolsa tem forte alta e recupera os 116 mil pontos com alívio de temores sobre a China
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira registrou forte alta nesta segunda-feira (11), enquanto o dólar caiu mais de 1%, num cenário de otimismo no exterior. A divulgação de dados positivos e a adoção de novos estímulos econômicos na China, que aliviaram temores sobre a desaceleração da segunda maior economia do mundo, colaboraram para o ambiente favorável para ativos de risco globais.
No sábado (9), dados do governo chinês mostraram que a inflação do país voltou a subir em agosto, o que indica aquecimento da economia. Além disso, novos empréstimos bancários quase quadruplicaram no período e superaram as expectativas do mercado.
Com isso, o Ibovespa subiu 1,36%, terminando o dia aos 116.883, pontos, de acordo com dados preliminares. Já o dólar recuou 1,04%, cotado a R$ 4,930.
Na China, além da divulgação de dados positivos, o banco central também está aumentando o controle sobre compras de montantes elevados de dólares por empresas nacionais, em um momento no qual o iuan tem enfrentado pressão crescente de depreciação.
Na visão da equipe da mesa de renda variável da XP Inc, os sinais de melhora da economia chinesa tendem a ajudar no humor local, dando fôlego ao Ibovespa.
Os analistas também ressaltaram em nota a clientes que o mercado aguarda a divulgação do IPCA na terça-feira, que eles calculam que deve reforçar a ideia de corte de 0,50 ponto percentual na Selic e reduzir "apostas de que o Copom [Comitê de Política Monetária] possa ser mais agressivo no afrouxamento monetário nas reuniões seguintes".
Sobre a inflação do Brasil, o boletim Focus desta segunda mostrou que analistas elevaram as previsões para o IPCA no fim deste ano. Agora, os economistas consultados pelo BC esperam que o índice termine 2023 em 4,93%, ante 4,92% no levantamento anterior.
Houve aumento de 0,01 ponto percentual também para 2024, indo de 3,88% para 3,89%. Para 2025 e 2026 a inflação é estimada em 3,50%, sem alterações.
Para o IPCA de agosto, economistas consultados pela Bloomberg preveem uma aceleração para 0,28%, ante 0,12% registrados no mês anterior.
As preocupações com a inflação também dominam a semana nos EUA. O país divulga na quarta (13) seu índice de preços ao consumidor, que deve dar mais clareza sobre os próximos passos da política monetária do país.
Apesar de uma manutenção da taxa de juros na próxima reunião do Fed já ser praticamente unanimidade no mercado, ainda há receios sobre possíveis aumentos no encontro posterior.
Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, analistas veem 56,5% de chance de os juros americanos ficarem em 5,50% em novembro, ante 40,8% de probabilidade de uma alta nas taxas do Fed.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, mesmo com o aumento das apostas de mais aperto monetário, o banco central americano deve manter as taxas de juros inalteradas neste ano.
"A despeito das preocupações que alguns agentes vêm externando sobre repiques inflacionários nos EUA, a sinalização de membros do Fed aponta para uma interrupção do ciclo de altas, principalmente com alguns sinais de melhor robustez do mercado de trabalho", afirma Sanchez.
À espera dos dados de inflação, os principais índices acionários dos EUA registraram alta, apoiados principalmente pela Tesla, que recebeu uma elevação de recomendação de compra pelo Morgan Stanley. O banco afirma que o supercomputador Dojo da fabricante de veículos elétricos pode aumentar o valor de mercado da empresa em quase US$ 600 bilhões.
Com isso, o índice de tecnologia Nasdaq terminou o dia em forte alta de 1,14%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones subiram 0,67% e 0,25%, respectivamente.
No Brasil, o dia também foi positivo para a Bolsa, com apoio significativo do exterior em dia de agenda de indicadores esvaziada.
A principal alta do dia foi da Vale, que subiu 1,49% apoiada justamente pelas notícias positivas sobre a China, que garantiram um dia positivo para os contratos de minério de ferro no exterior. Altas de Itaú (2,57%) e B3 (3,18%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão, também impulsionaram a Bolsa.
"As notícias positivas para a economia chinesa ajudaram no desempenho de empresas ligadas às commodities, enquanto o setor bancário também mostrou força e ajudou para a sessão positiva, mesmo com a cautela pelos eventos da semana", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Nishimura destaca, ainda, que os bancos foram beneficiados pela avaliação de que o setor é resiliente e atrativo para investidores que desejam retorno em dividendos, em especial após a retirada do regime de urgência do projeto o governo que propõe o fim dos juros sobre capital próprio. O índice que reúne empresas do setor subiu 2,04% nesta segunda.
Os melhores desempenhos do dia, no entanto, ficaram com empresas do setor de construção e energia. A Eztec liderou as altas com avanço de 5,84%, e ganhos de Ultrapar (3,16%) e Cyrela (2,92%) também ficaram entre os mais relevantes da sessão. O índice do setor imobiliário da B3 avançou 2,21% na sessão desta segunda.
"O mercado está se posicionando em infraestrutura e construção. A valorização dos setores de construção civil, elétrico e saneamento básico tem se repetido nos últimos pregões. Além de serem posições mais defensivas, também se beneficiam de investimentos em infraestrutura, que parecem ser o interesse do governo", afirma Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
As empresas de construção também foram beneficiadas pelas curvas de juros futuros, que registraram queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2027 iam de 10,46% para 10,37%, enquanto os para 2029 caíam de 10,97% para 10,90%.
No câmbio, o dólar caiu tanto no Brasil quanto no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante outras divisas fortes, recuou 0,53% nesta segunda. Além das notícias positivas sobre a China, uma declaração do banco central do Japão sobre uma possível alta de juros no país também enfraqueceu o dólar globalmente.