Com música caribenha e água por R$ 10, low cost dominicana faz primeiro voo do Brasil

Por PEDRO LOVISI

SANTO DOMINGO, REPÚBLICA DOMINICANA (FOLHAPRESS) - Decolou na manhã desta sexta-feira (22) o primeiro voo da Arajet saindo de Guarulhos em direção a Santo Domingo, na República Dominicana. A companhia é a mais nova low cost a operar no Brasil.

O voo partiu com 78 passageiros. O Boeing 737 max 8, aeronave utilizada na frota, tem capacidade para 185 passageiros, sendo oito em classe executiva.

A tripulação do voo era formada por seis comissários, incluindo o piloto e o copiloto. O primeiro era brasileiro; os demais, dominicanos. As línguas oficiais do voo são espanhol e inglês.

O clima era de festa já no aeroporto. O balcão do check-in estava lotado de balões roxos e brancos, as cores da companhia.

A maioria dos passageiros parecia viajar a turismo. Um deles carregava uma prancha de surfe.

Em entrevista à Folha de S.Paulo no final de agosto, o presidente da Arajet disse que 60% dos brasileiros que já compraram tíquetes na empresa viajarão para o Canadá ou para o México e 40% ficarão na própria República Dominicana. No voo desta sexta, a proporção era de 80% e 20%, respectivamente.

Mas nem todos conseguiram aproveitar a festa. Eram apenas três atendentes para fazer o check-in dos passageiros e despachar as bagagens. Alguns ficaram incomodados com a demora -a reportagem, por exemplo, ficou 50 minutos na fila.

Havia também os desavisados. A República Dominicana exige que passageiros vindos do Brasil apresentem comprovante de vacinação contra a febre amarela. Mas alguns não sabiam e, ao serem abordados, ficaram incomodados.

"Eu paguei para ter conforto, e não estou tendo isso", disse uma passageira em espanhol. No fim, nenhum passageiro foi impedido de viajar, segundo a Arajet.

O voo decolou pontualmente às 5h40. Minutos antes, os passageiros entraram calmamente na aeronave ao som de uma música caribenha. "Obrigado por viajar conosco", dizia um comissário de bordo, enquanto um fotógrafo da empresa registrava o momento.

Durante o voo, os comissários oferecem lanches e bebidas. Como em toda low cost, é necessário pagar para adquiri-los. Uma água, por exemplo, custa US$ 2, e um croissant com queijo, US$ 7. O pagamento precisa ser feito em notas de dólar ou peso dominicano.

Questionado, um comissário de bordo disse que se uma pessoa estiver com sede e sem dinheiro, a tripulação a a serve um copo de água grátis.

Há também comidas quentes: frango com batatas, bife com batatas e ravióli. Os pratos custam US$ 11 e são acompanhados de refrigerante -sem gelo.

As vendas acabam por aí. Não há comercialização de mercadorias em geral ou papéis de loteria, como acontece nos voos da irlandesa Ryanair, por exemplo.

Pesa a favor da Arajet também a estrutura da aeronave, muito mais nova do que aquelas geralmente utilizadas pelas low cost europeias. O avião usado nesta sexta foi fabricado em 2019.

Já as poltronas se assemelham àquelas de voos nacionais. Até por isso, a viagem de 6h30 pode ser desconfortável para quem vai na classe econômica. No voo desta sexta, especificamente, o desconforto era menor, já que muitas fileiras estavam vazias.

O voo pousou no aeroporto de Santo Domingo às 12h13 (horário de Brasília). No trecho, foram consumidos 13,3 toneladas de combustível.

Os voos da Arajet partirão de Guarulhos nas segundas, quartas e sextas-feiras e custarão, em média, US$ 475 (R$ 2.315) ida e volta. O trecho de 22 a 28 de setembro, por exemplo, saía por US$ 653 (R$ 3.183) no final de agosto, já com taxas e impostos incluídos. A passagem conta com bagagem de mão de até 10 kg -para despachar malas maiores, é necessário pagar US$ 55 a mais, em cada trecho.

Em comparação, um bilhete da Gol para o mesmo destino e nas mesmas datas custa R$ 4.556.

A Arajet foi fundada em setembro do ano passado e atua em 22 países.