Nova aposta da Meta, óculos de realidade virtual chegam aos EUA por R$ 2.500

Por PEDRO S. TEIXEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A dona do Facebook, Meta, lançou no mercado nesta quarta-feira (27) a próxima geração de seus óculos de realidade virtual, Meta Quest 3, em mais uma tentativa da empresa de se consolidar no chamado metaverso --espécie de mundo digital ainda sem muitas aplicações cotidianas fora jogar videogame.

O equipamento chega ao mercado americano por US$ 500 (R$ 2.486, sem contar impostos). O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, fez o anúncio pessoalmente na conferência anual da empresa, Meta Connect.

Além dos óculos em si, Zuckerberg mencionou novos recursos de inteligência artificial e de projeção de realidade aumentada. O executivo trabalha para mostrar resultados dos investimentos nesta última tecnologia, que inspirou a mudança de nome da empresa para Meta.

As apostas para o evento são altas, visto que no ano passado os investidores criticaram a empresa controladora do Facebook e do Instagram por gastar muito com o metaverso. Esses custos levaram Zuckerberg a demitir dezenas de milhares de funcionários neste ano.

O evento, transmitido no Facebook, passou por falhas técnicas antes do início, como um atraso de meia hora, problemas de som e uma interrupção no sinal. Em letras pequenas exibidas antes da exposição, a Meta preveniu que datas de anúncios e outras informações podem mudar com o tempo.

Superados os problemas, Zuckerberg prometeu óculos 40% menores, mais leves, duas vezes mais potentes e com mais sensores.

A Meta vende quase 80% de todos os headsets de VR e AR [realidade aumentada], mas o mercado em si é relativamente pequeno comparado ao de smartphones, PCs ou consoles de jogos, com menos de 9 milhões de unidades vendidas no ano passado, segundo o IDC.

A exemplo dos óculos anunciados pela Apple no primeiro semestre, Vision Pro, o headset da Meta recorre à realidade mista para tentar tornar o produto mais atrativo. Nessa modalidade de simulação, o aparelho mistura estímulos do mundo real com projeções feitas por computador, ao contrário da imersão total garantida pela realidade virtual.

O modelo da Meta sai mais barato do que o concorrente da Apple, que deve chegar ao mercado em 2024 por US$ 3.500. A empresa de Zuckerberg está neste mercado desde 2018, com o Oculus Quest,

"O Quest 3 é o primeiro equipamento popular de realidade mista", disse Zuckerberg. A tecnologia já estava disponível em ambientes corporativos e industriais, a partir de headsets como as Hololens da Microsoft, usadas, por exemplo, pela Embraer na construção de aviões.

No entanto, o Quest 3 não parece ter a capacidade de rastrear movimentos dos olhos, função disponível tanto no Vision Pro quando no headset da Sony, o PlayStation VR2, que ajustam a tela conforme o lugar para onde o jogador olha.

Na concorrência com os videogames, por outro lado, os óculos da Meta saem por preços similares aos dos concorrentes populares: PS5 e Xbox Series X.

Zuckerberg, aliás, começou a apresentação com informações voltadas ao público gamer, como datas de lançamentos de jogos (como Assassin's Creed Nexus) e informações de processamento gráfico do Quest 3. Nos primeiros lançamentos de óculos de realidade aumentada da Meta, a empresa tentou se distanciar dos videogames para vender uma versão mais ampla de metaverso.

Ainda assim, o fundador do Facebook afirmou que óculos inteligentes serão o equipamento capaz de aliar criações de inteligência artificial com novas formas de interação, como realidade virtual e mista. Esse, segundo Zuckerberg, seria o caminho para levar a experiência de metaverso além dos jogos.

A Meta vende quase 80% de todos os headsets de VR e AR (realidade aumentada, em português), mas o mercado em si é relativamente pequeno comparado ao de smartphones, PCs ou consoles de jogos, com menos de 9 milhões de unidades vendidas no ano passado, segundo o IDC.

ASSISTENTE VIRTUAL

A controladora do Facebook também desenvolveu um assistente virtual equipado com seu modelo de inteligência artificial generativa da Meta, LLaMA 2. Chamada de Meta AI, a tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Microsoft e pode acessar informações em tempo real, com auxílio do buscador Bing.

Modelos de linguagem natural como o ChatGPT, em geral, são limitados às informações disponíveis durante o treinamento da IA.

O chatbot da Meta estará disponível em diferentes plataformas da Meta: Facebook, Instagram, WhatsApp e no Meta Quest 3.

O assistente da Meta poderá se comunicar a partir de diferentes personagens, como uma cópia feita por IA do ex-marido de Gisele Bündchen, Tom Brady (também ex-jogador de futebol americano), da supermodelo Kendall Jenner e do rapper Snoop Dogg. Empresas poderão desenvolver outros personagens para a plataforma.

ÓCULOS INTELIGENTES EM PARCERIA COM A RAYBAN

A Meta também anunciou novos óculos inteligentes em parceria com a Rayban, mais parecidos com as lentes usadas no dia a dia. O equipamento tira fotos, grava áudios, projeta hologramas e tem acesso a aplicativo da Meta, o que incluirá o assistente Meta AI.

"Essa será a forma de deixar uma inteligência artificial ver o que você enxerga e escutar o que você ouve", afirma Zuckerberg.

IA NAS REDES SOCIAIS

Zuckerberg também anunciou que as redes sociais da Meta, Instagram, Facebook e WhatsApp terão novas funções de inteligência artificial generativa, como editores de imagens inteligentes e geradores de figurinhas

Será possível, por exemplo, descrever uma figurinha dentro do WhatsApp e receber a figurinha descrita para uso no aplicativo.

As atualizações devem chegar primeiro ao Instagram, em outubro.