Ibovespa fecha a sexta no maior nível desde 2021 e acumula alta de 3,56% na semana

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de uma forte queda de quase 1% na última terça (14), o dólar se valorizou ante o real nesta sexta-feira (17) e fechou em alta de 0,73%, a R$ 4,9053. Na semana, acumulou leve queda de 0,18%.

Já o Ibovespa fechou com leve ganho de 0,10%, a 124.773 pontos, o maior patamar de fechamento desde 29 de julho de 2021. Na máxima do pregão, chegou a superar os 125 mil pontos pela primeira vez desde 2021, impulsionada pelo ganho da Petrobras

Com essa performance, o Ibovespa acumulou um ganho de 3,56% na semana, a quarta seguida no azul, ampliando a valorização em novembro para 10,35%. Em 2023, registra elevação de 13,78%.

As ações da Petrobras (PETR4) fecharam em alta de 3,07%, a R$ 36,64 impulsionadas pela valorização dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent (referência internacional) em alta de 4,12%, a US$ 80,61. O WTI (referência nos EUA) subiu 4,04%, a US$ 76,04.

As cotações refletem a expectativa de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reduza a oferta de óleo, a fim de segurar os preços em nível mais alto.

Segundo o jornal britânico Financial Times, a Arábia Saudita planeja estender o corte voluntário na produção de petróleo até o próximo ano. Além disso, um corte adicional de até 1 milhão de barris por dia pode estar sobre a mesa na próxima reunião da Opep e de seus aliados (Opep+), em 26 de novembro.

Ainda de acordo com o "FT", alguns membros do grupo estão irritados com a guerra em Gaza e podem tentar enviar uma mensagem para os Estados Unidos com corte na oferta de petróleo.

IBC-BR

Investidores também repercutiram o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que recuou 0,06% em setembro na comparação com o mês anterior, segundo número dessazonalizado. A leitura do mês foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da agência de notícias Reuters, de avanço de 0,20%, e marcou o segundo mês seguido no vermelho.

O índice apontou contração de 0,64% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, e mostrou perda de força ao longo do ano, depois de ter avançado 2,39% no primeiro trimestre e 0,75% no segundo.

Os números trouxeram a percepção de que a inflação pode perder ainda mais força no Brasil, o que contribuiu para o terceiro dia seguida de queda dos juros futuros.

O juro para janeiro de 2025 fechou a 10,43%, ante 10,50% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 ficou em 10,13%, ante 10,21% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 foi para 10,26%, ante 10,35%. Já a taxa para janeiro de 2028 terminou em 10,51%, ante 10,59%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,89%, ante 10,97%.

No exterior, os juros também operam em baixa. O rendimento do treasury (título do Tesouro americano) de dez anos ?referência global de investimentos? se manteve em queda durante a maior parte da sessão, o que também tirava a força do dólar ante outras divisas.

Durante a tarde, os juro do título com vencimento em dez anos chegaram a migrar para o território positivo, mas acabaram voltando a ceder, em meio à percepção de que, em função dos dados econômicos mais recentes, o Federal Reserve tende a não elevar sua taxa básica de juros no curto prazo, hoje na faixa de 5,25% a 5,50%. Desde o pico atingido em outubro, os rendimentos dos treasuries de dez anos já cederam cerca de 60 pontos-base, o que vem se refletindo na curva a termo brasileira.

O rendimento do treasury de dez anos ?referência global para decisões de investimento? cai de 4,45% na quinta, para 4,44%. Na segunda (13), estava a 4,63%.

Segundo Flavio Serrano, economista-chefe do banco Bmg, o movimento dos juros futuros indica cortes de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em dezembro e janeiro. Para a reunião de março, a precificação também está "quase" em 0,50 ponto de corte, afirmou Serrano.

O que preocupa investidores quanto a uma Selic menor, é o risco fiscal em torno da discussão sobre a meta de zerar o déficit primário.

Nesta sexta, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que os impactos de choques fiscais na inflação são persistentes e que, quando a dívida é maior, esse impacto também é majorado.

"Quando você dá um choque no resultado nominal ou quando você dá um choque no resultado primário... tem um impacto sobre a inflação para cada 1%-0,5% (de impacto fiscal), e no 'core inflation' (núcleo da inflação) é até mais persistente", disse Guillen em seminário organizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), citando em sua apresentação dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Em outro evento, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, alertou que a perda de credibilidade do país com uma eventual mudança na meta de resultado primário do governo pode ser maior do que o ganho fiscal gerado por essa flexibilização.

Campos Neto afirmou ainda que é importante para o governo insistir na meta de resultado primário e disse estar se "juntando ao coro do Ministério da Fazenda".

Em Nova York, as Bolsas também encerraram no terreno positivo. O S&P 500 e o Dow Jones subiram 0,13% e 0,01%. O Nasdaq teve alta de 0,08%.