Entidades de varejo e serviços lançam movimento em defesa do parcelado sem juros
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de 11 entidades lançou nesta terça-feira (21) um movimento nacional em defesa do pagamento parcelado sem juros. A iniciativa, chamada de "Parcelo Sim!", se diz apartidária.
Segundo o texto de lançamento da campanha, o pagamento parcelado sem juros é uma das ferramentas de concessão de crédito mais populares do país. "Ajuda 200 milhões de brasileiros todos os dias: quem precisa trocar o smartphone por um modelo novo para trabalhar, quem precisa comprar móveis e eletrodomésticos novos depois de um imprevisto, quem tem o sonho de dar uma TV nova para a família."
"Mas não é só isso. Muita gente usa o parcelado sem juros para comprar remédios, uma necessidade que não pode ser adiada. Tem gente que parcela a compra do mercado para levar comida para casa", acrescentam as entidades em manifesto.
Desde outubro, o BC tem coordenado reuniões com representantes de bancos, adquirentes, cartões e varejo para discutir a regra da lei do Desenrola, que limita a dívida do rotativo a 100% do valor original caso o próprio setor não chegue a outra fórmula para reduzir as altas taxas. Atualmente, os juros dessa modalidade superam os 400% ao ano.
O texto da lei não faz nenhuma menção às compras parceladas e não manda restringir as compras parceladas sem juros no cartão. Bancos, no entanto, têm defendido a restrição dessa modalidade de crédito como forma de baixar as altas taxas do crédito rotativo --modalidade acionada automaticamente quando a fatura do cartão não é paga de forma integral.
O argumento dos bancos é que o parcelado sem juros aumenta a inadimplência e força a cobrança de juros altos no rotativo. Os setores de maquininhas e o comércio, porém, refutam esse argumento, e não há estudos públicos independentes que mostrem relação de causa e efeito entre parcelamento sem juros e inadimplência.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o pagamento parcelado sem juros é adotado por 90% dos varejistas e, segundo o Datafolha, 75% da população faz uso dela.
Caso o parcelado sem juros acabe ou seja limitado, o Instituto Locomotiva estima que 42% das pessoas reduzirão seus gastos pela metade. "A mesma pesquisa mostra que 115 milhões de brasileiros só conseguiram realizar seus sonhos até hoje com ajuda dessa modalidade de pagamento", diz o manifesto.
Segundo as entidades de varejo e serviços que assinam o manifesto, quem mais perderia acesso ao crédito com o fim do parcelado sem juros seriam as famílias de menor renda.
Compõem o movimento "Parcelo Sim!":
Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad)
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)
Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shoppings (Ablos)
Associação Brasileira de Academias (Acad)
Associação de Lojistas do Brás (Alobras)
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
Parcele na Hora
Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor)
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco)