Dólar cai e Ibovespa sobe após PIB dos EUA melhor do que o esperado

Por JÚLIA MOURA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O crescimento maior do que o esperado da economia dos Estados Unidos teve impacto positivo no mercado financeiro nesta quinta-feira (25).

O dólar fechou em queda de 0,19%, a R$ 4,9223. Já o Ibovespa subiu 0,27%, a 128.169 pontos. Apesar de ser feriado na cidade de São Paulo, o mercado de câmbio e a Bolsa de Valores operam normalmente.

Os investidores repercutiram o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos no quarto trimestre de 2023, divulgado nesta quinta. A maior economia do mundo cresceu em um ritmo maior que o esperado, a 3,3% na comparação com o mesmo período de 2022. No terceiro trimestre, a alta foi de 4,9%. Em 2023 como um todo, o PIB cresceu 2,5%, superando a alta de 1,9% de 2022.

"Impressionante como a economia americana está robusta, crescendo mais do que se imagina. Por outro lado, veio uma boa notícia na parte de preços", disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

E mesmo com o PIB acima do esperado, a inflação permaneceu comportada. O índice inflacionário PCE aumentou apenas 1,7% no quarto trimestre, ante 2,6% no terceiro trimestre.

O PCE é o índice favorito do Fed (Banco Central dos EUA) para avaliar a alta de preços no país. A expectativa dos investidores é que a autoridade comece a baixar os seus juros no primeiro semestre, já que a inflação segue perdendo força.

O Fed realiza seu próximo encontro de política monetária na semana que vem, nos dias 30 e 31 de janeiro. Com ampla expectativa de manutenção dos juros na reunião, o foco fica nas indicações das autoridades sobre quando acham apropriado começar a cortar as taxas. Quanto mais cedo começar o afrouxamento monetário, mais o dólar tende a cair frente a divisas emergentes, como o real, e mais as Bolsas tendem a subir.

Em relatório separado também nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 25 mil, para um ajuste sazonal de 214 mil, na semana encerrada em 20 de janeiro. Os economistas previam 200 mil pedidos.

"Os dados do quarto trimestre dos EUA trouxeram algum conforto para o mercado", afirmou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

O mercado também considerou a decisão do BCE (Banco Central Europeu) desta quinta, de manter a sua taxa básica de juros em um patamar recorde de 4%, apesar de a inflação já dar sinais de fraqueza.

Na quarta, o dólar fechou em queda de 0,43%, a R$ 4,9320, após novo sinal de suporte das autoridades chinesas à economia, depois que o banco central do país reduziu a taxa de compulsório.

Na quarta, o Ibovespa fechou em queda de 0,35%, a 127.816 pontos. De acordo com o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, a bolsa brasileira continua bastante atrelada ao movimento dos títulos do Tesouro americano, os treasuries.

Nesta quinta, os rendimentos dos Treasuries se mantiveram em baixa, o que também pesou na relação do dólar ante outras divisas, como o real.

Em Wall Street,o S&P 500 subiu 0,53%, alcançando um novo recorde de pontuação, enquanto o Dow Jones teve alta de 0,64%. O Nasdaq ganhou 0,18%.

Após o fechamento do mercado na quarta, foi a vez da Tesla reportar o desempenho no ano passado. A montadora de carros elétricos teve uma queda na margem bruta do quarto trimestre na comparação com o ano anterior, à medida que reduz preços e oferece incentivos para impulsionar a demanda por seus veículos elétricos.

A companhia alertou para uma desaceleração acentuada no crescimento de volume em 2024 na comparação anual, e as ações da empresa caíam 5% nas negociações pós-mercado.

As ações da montadora comandada por Elon Musk fecharam em queda de 12,13% nesta quinta.

Os papéis da Gol, por sua vez, cederam 3,16%, a R$ 6,44 cada um, segundo dados preliminares do fechamento. A companhia pediu recuperação judicial ao fim do pregão desta quinta.