'Haddad é uma agradável surpresa', diz Temer
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Michel Temer (MDB), que instituiu o teto de gastos, afirmou que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) faz o que está ao seu alcance no controle das despesas federais.
"Haddad é uma agradável surpresa. Ele faz o possível para manter a integridade das contas públicas", disse Temer em evento do UBS BB, nesta terça-feira (30), em São Paulo.
Em 2023, o mecanismo de congelamento de gastos criado pelo governo Temer foi substituído pelo arcabouço fiscal, menos engessado. O atual regime fiscal demanda o aumento de investimentos quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresce, de acordo com o resultado fiscal, e trava despesas quando os resultados da economia são negativos.
"Se o novo teto vai dar certo ou não, só o tempo vai dizer. Mas, de qualquer forma, continua intacta a ideia de um teto para as despesas públicas", afirmou o ex-presidente.
Sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um todo, Temer disse que é preciso "ter um certo otimismo".
"O primeiro ano do governo Lula foi de muitos embates, mas agora ele começa a tomar rumo", afirmou.
De acordo como o emedebista, o atual presidente estaria com uma postura distinta dos seus primeiros mandatos. "O que é compreensível. Ele sofreu angústias com sua detenção de 580 dias e saiu muito magoado."
Para Temer, Lula deveria adotar uma postura mais pacifista, sugerindo que ele siga o exemplo de Nelson Mandela e Mahatma Gandhi.
"Vejo um embate agressivo, não só dele, de todas as partes, o que não é bom. Quando se vai para o embate todo o tempo, causa mal estar no povo brasileiro", afirmou o político.
Temer afirmou ainda que deu conselhos semelhantes a Jair Bolsonaro (PL), quando ele era presidente.
"Bolsonaro me ligou e lhe aconselhei a não fazer aquele cercadinho, pois dava margem a provocações."
No seu governo, Bolsonaro costumava se dirigir a apoiadores e à imprensa, que ficavam cercados por grades, na porta do palácio do Planalto.
Na sua opinião, o ex-presidente foi o responsável por não conseguir a própria reeleição. "O governo Bolsonaro se autoderrotou", disse Temer.
Segundo ele, a postura antivacina e o atraso na importação dos imunizantes foram determinantes para a derrota do então presidente.
"Seria uma oportunidade extraordinária para o governo federal importar vacinas. Ninguém nega que Bolsonaro é populista, mas ele perdeu a capacidade do diálogo e da liturgia, que é essencial para o presidente."
Sobre o STF (Supremo Tribunal Federal), Temer defendeu a manutenção do diálogo entre os três Poderes e rechaçou as críticas ao órgão.
"O Judiciário só se manifesta quando provocado. O Supremo vai avançando sobre certos temas porque é provocado. A provocação tem que parar."