Bolsa fecha em queda, pressionada por Bradesco após balanço; dólar sobe

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,36%, aos 129.952,56 pontos, nesta quarta-feira (7), pressionada pelos papéis do Bradesco após a divulgação do balanço de 2023 frustrar investidores.

O dólar, por sua vez, fechou em alta de 0,11%, cotado aos R$ 4,967. A moeda operou perto da estabilidade durante a sessão, conforme operadores esperavam mais informações sobre a política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) para mudar de posição.

O Bradesco anunciou um lucro líquido recorrente de R$ 16,297 bilhões em 2023, antes do início dos negócios na Bolsa nesta quarta. O número é 21,2% menor que o registrado em 2022, quando o resultado da companhia também encolheu 21%, para R$ 20,7 bilhões.

O resultado veio abaixo das estimativas do mercado, de R$ 18,09 bilhões, segundo analistas consultados pela Bloomberg. Em resposta, os papéis do banco derreteram 15,66%, revertendo a alta expressiva da véspera, de 6,21%, que puxou o Ibovespa para cima. O Bradesco chegou a perder mais de R$ 25 bilhões em valor de mercado no pregão.

Itaú cedeu 0,72%, com investidores reajustando posições após forte alta de 4,29% no pregão de terça. O movimento vem na esteira da publicação do balanço do quarto trimestre de 2023, no qual o banco anunciou ter batido R$ 35,6 bilhões de lucro líquido no último ano.

Entre as altas, Petrobras avançou 0,95%, depois que o presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou planejar investir mais de US$ 100 bilhões na exploração e produção offshore. Segundo disse ao Financial Times, o foco no negócio principal da petrolífera será mantido.

A valorização de 0,79% do petróleo tipo Brent no exterior, a US$ 79,21 por barril, também ajudou a impulsionar as ações da petroleira e pares do setor.

Vale avançou 0,19%, em dia de alta dos futuros do minério de ferro na China. Pequim sinalizou que as autoridades estão intensificando esforços para apoiar os mercados.

Lideraram as altas Petz (9,49%), Locaweb (4,95%), Atacadão (4,39%) e Casas Bahia (4,35%).

Já o dólar, que operou em compasso de espera pela manhã, teve leves ganhos conforme os operadores analisavam as falas de dirigentes do Fed.

Adriana Kugler, diretora da autoridade monetária, afirmou que está "otimista" quanto à queda da inflação, mas que os formuladores de políticas precisam ter mais certeza de que a trajetória se confirma antes de reduzir os juros.

"Permanecerei focada no lado da inflação de nosso mandato duplo até que esteja confiante de que a inflação está retornando de forma duradoura à nossa meta de 2%", disse Kugler em seu primeiro discurso sobre política monetária desde que entrou para a diretoria do Fed em Washington, em setembro.

Os recados não trouxeram grandes novidades, e a sessão acompanhou o noticiário externo, onde a moeda norte-americana apresentava sinais mistos.

Na terça-feira, os investidores viram com bons olhos o anúncio de oferta pública de aquisições de ações da Cielo, controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil. A operação, segundo cálculos da XP, pode movimentar até R$ 5,6 bilhões. O Bradesco fechou com a segunda maior alta do dia, e Cielo avançou 3,98%.

O índice fechou a terça-feira em alta firme de 2,18%, aos 130.380,15 pontos ?patamar mais alto desde meados de janeiro. O impulso não veio apenas de Bradesco e Itaú, mas do setor bancário como um todo.

Também fez peso no Ibovespa as ações da Vale e da Petrobras, as duas de maior influência no índice.

Olhando para o dólar, o ambiente foi de otimismo, com os investidores em busca de ativos de maior risco, como o real.

"Nos últimos dias, com a decisão de política monetária do Fed na semana passada, o dólar acabou se valorizando, com um sentimento pessimista nos mercados", avaliou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, à Reuters.

"O (presidente do Fed, Jerome) Powell fez colocações no sentido de que o mercado não deveria ficar tão animado com cortes de juros no primeiro semestre, o que acabou jogando um balde de água fria nos investidores."