Dólar abre em queda após se aproximar dos R$ 5
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar iniciou o pregão desta sexta-feira (9), pré-Carnaval, em queda de 0,19%, a R$ 4,9851, às 9h44. Na véspera, a moeda se aproximou dos R$ 5 com uma inflação maior do que a esperada em janeiro e um mercado de trabalho americano mais forte do que o previsto.
Investidores operam de acordo com as expectativas de corte de juros no Brasil e nos Estados Unidos. A manutenção de juros altos lá fora, enquanto a Selic cai por aqui, tende a fortalecer o dólar ante o real.
Na quinta (8), o dólar fechou em em alta de 0,53%, a R$ 4,9945, repercutindo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro. A inflação oficial do Brasil desacelerou para 0,42% após marcar 0,56% em dezembro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.
A expectativa de analistas consultados pela agência Bloomberg era de uma variação menor, de 0,34%, no primeiro mês deste ano.
"Apesar do índice cheio e núcleos no acumulado de 12 meses continuarem arrefecendo, a média dos núcleos anualizada e dessazonalizado voltou a subir, e isso causou estresse nos ativos de risco, provocando uma queda no Ibovespa", afirma Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.
Segundo o analista, o temor de investidores é que a alta nos preços de parte dos serviços subjacentes pode levar a um IPCA maior que o esperado nos próximos meses.
"De forma geral, a inflação segue controlada, mas há alguns sinais de alerta; a composição do IPCA teve uma leve piora qualitativa", disse Gustavo Sung , economista-chefe da Suno Research. "Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões."
O IPCA de janeiro reforça a perspectiva de manutenção do ritmo de afrouxamento monetário pelo BC, sem espaço para aceleração dos cortes, o que pode jogar a favor do real, uma vez que, desta forma, a Selic permanecerá em nível restritivo por um bom tempo.
Juros altos no Brasil restringem o desempenho do mercado de renda variável, pesando sob o custo de dívida e de crédito das empresas e atraindo o investidor para a renda fixa.
Outro ponto de atenção dos investidores é a posição do Fed (banco central dos EUA) quanto ao início do ciclo de cortes nos juros americanos.
Na quinta, o governo americano divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego estaduais caíram em 9 mil na semana encerrada em 3 de fevereiro, para 218 mil em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 220 mil pedidos para a última semana.
Um mercado de trabalho mais forte reforça a atual estratégia do Fed, de adiar o início dos cortes de juros nos EUA. Mais pessoas empregadas pode significar um aumento na renda, o que leva os preços a subirem. Além disso, demonstra a força da economia americana mesmo com juros altos.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) voltaram a subir, fortalecendo o dólar. Nos EUA, o índice acionário S&P 500 teve leve alta de 0,06%, enquanto o Dow Jones subiu 0,13% e o Nasdaq, 0,24%.
Na quarta, autoridades do Fed reforçaram que são necessários mais dados para haver certeza sobre a trajetória da inflação e espaço para cortes de juros.
Recentemente, após sinais mais cautelosos dos membros do Fed, incluindo do presidente Jerome Powell, e dados de emprego americanos mais fortes do que o esperado, o mercado reduziu a aposta de que o início do afrouxamento monetário seria em março. Isso por sua vez, tem fortalecido o dólar globalmente, já que quanto maiores os juros, mais rentável é a moeda do país.