Bolsa sobe 0,61% com surpresa em dados americanos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta quinta-feira (15), o dólar oscilou perto da estabilidade após a divulgação de indicadores econômicos dos Estados Unidos, mas fechou em queda marginal de 0,07%, a R$ 4,9681, depois de ter subido para R$ 4,97 na véspera.
Já o Ibovespa subiu 0,61%, a 127.804 pontos, segundo dados preliminares da CMA.
Nesta manhã, o governo americano divulgou que as vendas do varejo no país caíram 0,8% em janeiro, mais que os 0,2% esperados por economistas consultados pela Bloomberg, na comparação com dezembro. A alta de 0,6% do mês anterior, por sua vez, foi revisada para 0,4%.
Já a produção industrial americana caiu 0,1% em janeiro ante dezembro, resultado também pior que a alta de 0,3% esperada pelos economistas.
Os dados sugerem que a economia americana pode não estar perdendo força, o que aliviaria a inflação e abriria caminho para o Fed (Banco Central dos EUA) cortar juros.
Outro dado do governo americano divulgado nesta quinta vai no caminho contrário. Na semana passada, 212 mil americanos pediram auxílio desemprego, 8.000 a menos que na semana anterior. Economistas esperavam a manutenção no ritmo dos pedidos em 220 mil.
O número indica que o mercado de trabalho nos EUA continua resiliente, o que tende a fortalecer os preços, já que o poder de consumo segue forte.
Para Thiago Avallone, especialista de câmbio da Manchester Investimentos, os dados divulgados nos Estados Unidos intensificaram as dúvidas sobre quando ocorrerá o primeiro corte da taxa de juros pelo Fed.
"Nós vimos o (chair do Fed, Jerome) Powell batendo na tecla de que a tomada de decisões será em cima de dados. Então, ele está buscando mais informações, mais consistência nesta ida da economia para a meta de inflação, para começar a cortar a taxa de juros", avaliou.
Em análise enviada a clientes, o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, afirmou que os dados de seguro-desemprego, vendas no varejo e produção industrial nos EUA aumentaram a "incerteza no panorama global".
"Essa falta de clareza pode levar os investidores a procurar ativos considerados mais seguros, como o dólar americano", disse Costa.
Em Wall Street, o viés também foi positivo. O S&P 500 subiu 0,58% e renovou seu recorde de pontuação, a 5.030 pontos. O Dow Jones teve ganhos de 0,91% de o Nasdaq, de 0,30%.
Na esteira dos dados, investidores aumentaram suas apostas em corte dos juros pelo Banco da Inglaterra este ano, uma vez que afrouxar a política monetária pode oferecer um respiro para a economia.
Ajudando ainda mais o sentimento global, autoridades do Banco Central Europeu (BCE) disseram nesta quinta-feira que a inflação na zona do euro está voltando para a meta de 2% da instituição, embora tenham pedido mais evidências antes de cortar os juros.
Juros mais baixos nas economias avançadas tendem a elevar a atratividade de moedas de países emergentes, que, embora sejam mais arriscados, também costumam ser mais rentáveis. No entanto, ao contrário da Europa, os Estados Unidos têm mostrado resiliência econômica, o que deixa operadores na expectativa por mais dados americanos.