Bolsa cai puxada por Vale e bancos; dólar tem leve queda

Por Folhapress

Bolsa de Valores cai 2,02% e fecha no menor nível em quatro meses

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira registrava queda nesta segunda-feira (4) sob pressão das ações da Vale e do setor financeiro.

Já o dólar tinha leve queda, apresentando pouca alteração com o mercado à espera de novos dados econômicos dos Estados Unidos e pronunciamentos de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

"Os operadores se preparam para dados econômicos cruciais desta semana, a fim de avaliar a saúde da economia [dos EUA] e obter mais conclusões sobre a política monetária. Atualmente, os negociadores de mercado atribuem uma probabilidade de quase 58% de que o Fed reduza a taxa dos fundos federais em 0,25 ponto em junho, em comparação com 57% na sexta-feira", diz a equipe da Guide Investimentos.

Às 14h56, o Ibovespa caía 0,49%, aps 128.535 pontos, enquanto o dólar tinha leve queda de 0,15%, cotado a R$ 4,946. As ações da Vale recuavam 0,37%, e Itaú e Bradesco tinham baixa de 0,29% e 0,94%, respectivamente. Os três papéis estavam entre os mais negociados da sessão.

O movimento do câmbio no mercado doméstico estava em linha com a estabilidade do índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes no exterior. Segundo agentes financeiros, as oscilações tímidas das moedas refletem um "modo de espera" nos mercados antes de eventos e dados econômicos desta semana.

O presidente do Fed, Jerome Powell, por exemplo, dará depoimento a parlamentares na quarta e na quinta, fala que virá após moderação recente nas apostas de mercado sobre cortes de juros. No mês passado, dados dos índices de preços ao consumidor e ao produtor dos Estados Unidos surpreenderam para cima, embora a inflação medida pelo PCE -indicador preferido do Fed- tenha ficado dentro do esperado.

"Nos EUA, embora o relatório de inflação PCE de janeiro não tenha impressionado muito as expectativas, a tendência de alta nos preços não parece estar se dissipando. Juntamente com a ausência de quaisquer sinais sérios de desaceleração no mercado de trabalho dos Estados Unidos, isso parece excluir a possibilidade de cortes na taxa de juros do Federal Reserve nos próximos meses", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank.

Segundo ele, essa visão será testada na sexta-feira, quando for divulgado o relatório de criação de vagas fora do setor agrícola dos EUA de fevereiro. A expectativa é de abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro.

"Em nossa opinião, a informação mais crítica será o aumento salarial médio mensal. Esse número tem sido consideravelmente mais forte do que o esperado. Acreditamos que a capacidade do Fed de cortar as taxas será limitada, até que vejamos uma moderação significativa nesse sentido", disse Moutinho

Quanto mais tempo o Fed demora para aliviar sua política monetária restritiva, mais o dólar tende a levar vantagem na rentabilidade frente a seus pares emergentes, que, embora ofereçam retornos maiores do que a divisa norte-americana, são bem mais arriscados.

Na pauta nacional, investidores devem monitorar falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em reunião do COPS (Conselho Político e Social) da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). No entanto, vários operadores têm frisado que os assuntos locais devem ficar em segundo plano diante do peso que o exterior tem tido nas negociações cambiais.