Bolsa fecham em queda puxada por Vale; dólar tem leve alta

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira voltou a cair nesta quinta-feira (13), revertendo ganhos da sessão anterior puxada por recuo das ações da Vale -que, por sua vez, acompanharam os preços do minério de ferro no exterior.

Além da Vale, a CSN também teve desempenho negativo, registrando a maior baixa do dia ao cair quase 4%. Outras empresas ligadas ao setor, como a Gerdau, também recuaram.

"A CSN cai junto com outros nomes do setor de siderurgia, com o mercado enxergando risco de demanda por aço junto com o risco de aumento da oferta de aço vindo da China", afirma Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed

Baixas das ações da Petrobras, que ficaram entre as mais negociadas do pregão, também pressionaram o Ibovespa.

Com isso, o principal índice da Bolsa fechou em baixa de 0,24%, aos 127.689 pontos.

Na ponta positiva, a Embraer disparou mais de 10% e registrou a maior alta da sessão, após relatórios positivos do Morgan Stanley e BTG Pactual.

Para Raony Rossetti, especialista em renda variável e CEO da Melver, as projeções positivas para a Embraer estão ligados a fragilidades de grandes empresas do setor, como a Boeing, que vem enfrentando sucessivos incidentes envolvendo seu modelo 737 Max.

"A Boeing está passando por um momento delicado, com risco de imagem, e a Airbus já está com agenda estabelecida para os próximos anos. A Embraer está brigando para entrar nesse duopólio, e a oportunidade de crescimento da empresa é o principal motivo para a alta", diz Rossetti.

O responsável pela área de renda variável do grupo financeiro com foco no segmento private Criteria, Thiago Pedroso, destacou que a bolsa brasileira está negociando em patamares relativamente "descontados", mas que não há fluxo para o Ibovespa subir, principalmente com a saída do capital externo.

Em 2024, a B3 registra um saldo negativo de R$ 23,2 bilhões entre as compras e as vendas por estrangeiros no mercado secundário de ações, conforme dados até o dia 12 de março.

"Para o investidor estrangeiro voltar para o Brasil, ele precisa de uma perspectiva melhor sobre para onde vai o juro americano", afirmou, chamando a atenção para o dado de inflação ao produtor dos Estados Unidos PPI, divulgado nesta quinta-feira, que aumentou em fevereiro acima das previsões de economistas.

"O PPI mostra que talvez o cenário para os juros americanos seja mais complicado do que o previsto", acrescentou Pedroso, da Criteria, que tem R$ 10 bilhões em ativos sob custódia.

No câmbio, o dólar registrou leve alta de 0,22% e terminou o dia cotado a R$ 4,987, enquanto investidores alinham apostas para a próxima decisão sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que será divulgada na semana que vem.

Nesta semana, novos dados de inflação ao consumidor foram divulgados e mostraram preços acelerando, mas dentro do esperado pelo mercado, e não alteraram projeções de que um corte de juros nos Estados Unidos deve ter início apenas no segundo semestre deste ano.

Investidores também acompanham os ruídos políticos envolvendo a Petrobras, após a decisão da companhia de não realizar o pagamento de dividendos extraordinários a acionistas. Na noite de quarta (13), o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, afirmou que a orientação de reter parte dos lucros veio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A fala de Prates reforçou temores do mercado sobre uma possível interferência política na gestão da empresa. Prates diz, no entanto, que não considera o episódio uma "intervenção na Petrobras", mas o "exercício soberano" dos representantes do controle da empresa.

Nesta quinta, as ações preferenciais da petroleira caíram 0,46%, enquanto as ordinárias recuaram 0,72%, acompanhando o desempenho de outras empresas do setor.