Se governo quer matar as empresas, que não mate as pessoas, diz CEO da Petz sobre remessas do exterior
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente e fundador da rede Petz, Sergio Zimerman, voltou a criticar nesta sexta-feira (15) os problemas de competição que a falta de regulamentação e da cobrança de impostos para produtos de pequeno valor vendidos por sites de vendas estrangeiros no país traz para as varejistas brasileiras.
Segundo o empresário, além de essa situação ser maléfica para as companhias brasileiras, pode trazer riscos para os consumidores do país
Durante seminário de varejo do grupo de líderes empresariais Lide, Zimerman disse que o Brasil deixou de arrecadar R$ 36 bilhões somente em 2022 com a falta de imposto de importação para os produtos do e-commerce estrangeiro, e afirmou que levou, junto do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), essa situação para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
"Nós fomos falar com o ministro Haddad para denunciar este absurdo de que estava entrando R$ 60 bilhões no país e não se estava recolhendo o devido imposto. E não se recolhia por um truque de se dizer que era de consumidor para consumidor", afirmou.
Segundo ele, na ocasião houve promessa de que seriam tomadas providências. "E a providência foi levar a alíquota de 60% para zero [para compras de até US$ 50]. Ou seja, em vez de cobrar o imposto resolveu-se zerar o imposto", completou.
Desde o ano passado, quando o governo decidiu zerar o imposto federal para produtos vendidos por comércios estrangeiros de até US$ 50, as companhias brasileiras e entidades representativas passaram a se mobilizar para derrubar a medida.
Zimerman criticou os problemas de competitividade que a falta de equilíbrio na cobrança de impostos gera para as empresas brasileiras. "Como comerciante do Brasil, invisto e gero empregos no país e pago em média 100% para importar um produto. Ou seja, a gente dobra o valor para nacionalizar o produto", disse.
"Como a gente pode competir com uma fábrica chinesa que tem estímulos na China para fazer cross-border, e entra no Brasil pagando só 17% de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços]?", questionou.
Além do imposto, o empresário falou da falta de competitividade regulatória. Zimerman argumentou que as varejistas brasileiras precisam seguir uma série de normas do país estabelecidas por agências como a Anvisa, o Inmetro e o Procon, para vender produtos seguros para a saúde das pessoas e que assegure os direitos dos consumidores.
Na importação direta pelo consumidor, contudo, não há regulamentação, disse Zimerman. Isso significa, segundo ele, que os brasileiros podem arriscar sua saúde comprando brinquedos com tinta tóxica na internet ou produtos que não seguem especificações de segurança do Inmetro.
"Se o governo entende que tem que matar as empresas e o emprego no Brasil, tudo bem, mas que não mate as pessoas", concluiu.