Bolsa sobe 1,25% e retoma os 129 mil pontos após decisão do Fed; dólar cai a R$ 4,97

Por MARCELO AZEVEDO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira teve forte alta e voltou ao patamar dos 129 mil pontos nesta quarta-feira (20), enquanto o dólar caiu a R$ 4,97, após a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de manter inalteradas as taxas de juros nos Estados Unidos.

O banco também sinalizou que a maioria das autoridades projeta que as taxas de juros americanas devem terminar o ano entre 4,5% e 4,75%, o que equivaleria a três cortes de 0,25 ponto percentual, indicando que há confiança numa redução dos custos de empréstimo em breve.

A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado: segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, analistas viam 99% de chance de manutenção nos juros americanos na reunião do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) desta quarta.

Com isso, o Ibovespa subiu 1,13%, aos 129.124 pontos, e o dólar caiu 1,09%, fechando o dia cotado a R$ 4,973.

"Num primeiro momento, o mercado recebeu com alívio a manutenção da projeção dos juros para 2024. Os mercados acionários e ativos de risco reagiram positivamente, visto que vinham limitados pela possibilidade de alguma sinalização mais dura por parte do Fed", diz Camila Abdelmalack economista-chefe da Veedha Investimentos.

A perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos tende a desvalorizar o dólar pois reduz a atratividade da renda fixa americana, fazendo com que investidores aloquem recursos e mercado de maior risco, como países emergentes.

Na Bolsa, as principais altas eram da Petrobras e da Vale, que também eram as mais negociadas da sessão. A Braskem registrava o maior ganho do dia, com avanço de mais de 12%, após uma elevação na recomendação de compra pelo Santander.

O ranking de maiores avanços, no entanto, era dominado pelas "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, em dia de alívio nas curvas de juros futuros locais. A Petz, o Grupo Soma e a Arezzo apareciam logo após a Braskem, com altas de mais de 6%, e o índice da B3 que reúne essas companhias subia 1,59%.

"Há uma queda mais forte dos juros futuros, então a Bolsa está subindo, por um lado, e o dólar está caindo. Mas as taxas estão com níveis próximos aos de sessões anteriores. O mercado fez um movimento de alta mais cedo e hoje ocorre uma correção. No final das contas, está tudo no mesmo lugar, e estamos esperando indicações mais claras sobre os juros dos EUA", diz Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Agora, investidores aguardam a divulgação do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros local. A expectativa é de que deve ocorrer uma nova queda de 0,50 ponto percentual na Selic.

A decisão desta quarta, no entanto, ocorre após dados recentes mostrarem um aquecimento acima do esperado da economia doméstica, o que pode fazer com que o Copom (Comitê de Política Monetária) altere sua comunicação para reduzir expectativas sobre uma possível aceleração no ritmo de corte de juros.