Trabalhos acad?micos sem dificuldade: Artigo em revista cient?fica

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Trabalhos acad?micos sem dificuldade: Artigo em revista cient?fica
Nícea Helena Nogueira 11/12/2015

Trabalhos acadêmicos sem dificuldade: Artigo em revista científica

Toda pesquisa deve ser divulgada. Não se produz conhecimento científico para colocar na gaveta e esquecer o que foi encontrado e analisado. Os resultados da investigação devem se tornar públicos e de fácil acesso a qualquer pessoa.

Na pesquisa acadêmica, essa divulgação tem um instrumento de excelência: o artigo científico.

A vantagem do artigo, comparado aos livros e outros TCCs (Trabalhos de Conclusão de Cursos), é que ele traz a informação de forma mais objetiva, pois apresenta os resultados da pesquisa em texto mais curto e mais atual, porque ele demora menos tempo para ser produzido e divulgado. Uma publicação em livro pode levar anos do momento em que ela foi concluída até chegar nas mãos do leitor. O artigo demora meses.

Artigo é informação científica em tempo real.

Outra grande vantagem do artigo é que ele é avaliado por outros especialistas da mesma área antes de ser publicado. Assim, a informação ali contida é garantida pelos pares do autor. Ninguém vai autorizar a publicação de bobagens ou equívocos, já que todos os editores têm seus nomes e suas universidades listados na primeira página da revista, também chamada de periódico científico, que veicula os artigos para a comunidade acadêmica.

Essas revistas precisam ter um conselho editorial responsável por julgar o que foi submetido para publicação. Cada uma delas tem uma série de normas que, se não forem seguidas, descartam o artigo.

Já o livro, quando publicado independentemente, só passa pelo crivo de um único editor, que, na área acadêmica, muitas vezes cobra do pesquisador pela publicação, já que este não prioriza o dinheiro da venda, mas, sim, a divulgação da sua própria pesquisa.

O pesquisador de qualquer lugar do mundo é avaliado pelo número de artigos que ele publica: quanto mais, melhor. Por essa razão a comunidade acadêmica dos Estados Unidos, altamente competitiva, lançou a máxima publish or perish (publique ou morra). Quem não tem artigo publicado, não sobrevive! 

No Brasil, a cultura de publicar artigos científicos começou a ser valorizada apenas nas duas últimas décadas e, ainda por cima, como uma exigência da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma fundação do Ministério da Educação (MEC) que avalia os cursos de Mestrado e Doutorado no Brasil. Para um pesquisador ter boa nota na Capes, ele deve ter muitos artigos publicados ou, então, ele não pode dar aula em cursos de pós-graduação.

Mas o pior de tudo é que a leitura dos artigos é ainda insignificante nas universidades brasileiras. O número de consultas e empréstimos de periódicos acadêmicos nas nossas bibliotecas é baixíssimo. E por que??? Por que não temos o costume de pesquisar em artigos, ainda estamos atrasados só procurando e lendo livros: bem maiores e menos atualizados.

O que nos salva é a Internet. Há periódicos acadêmicos de alta qualidade que podem ser acessados com um clique e de graça. Os melhores cursos de graduação e de pós-graduação no Brasil têm suas próprias revistas científicas online. Mas, ainda assim, as citações de artigos são coisa rara...

Entre os portais de periódicos e publicações científicas de alta qualidade e atualização, destacamos: Portal da Capes, já citado nesta coluna; SciELO - Scientific Electronic Library Online; Bireme – Biblioteca Virtual de Saúde.

A maioria das revistas científicas impressas ou online é gratuita no Brasil. Os periódicos internacionais costumam cobrar em dólares ou euros para a leitura de seus artigos. Dependendo da informação e da necessidade dela pelo pesquisador, vale a pena pagar!

Ultimamente, os pesquisadores começaram a ser avaliados pelo número de vezes que seus artigos são citados em TCCs e em outros artigos também. Isso vai promover a pesquisa mais relevante e atualizada.

O artigo científico é normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) na NBR 6.022. Na sua próxima pesquisa, não se esqueça de incluir artigos em seus fichamentos, assunto da nossa próxima coluna. See ya!

Nícea Helena Nogueira é revisora de textos acadêmicos. Doutora em Letras pela UNESP-São José do Rio Preto, SP. Professora de Inglês e Literaturas de Língua Inglesa da Faculdade de Letras da UFJF. Coordenadora Geral do Programa Idiomas Sem Fronteiras (IsF) da UFJF. Licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Foi Professora Titular e Coordenadora do Programa de Mestrado em Letras, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF) e Diretora do Centro de Pesquisa na mesma Instituição. Lecionou, também, na Faculdade Suprema, na Unipac e na Faculdade de Direito do Instituto Vianna Júnior. Autora do livro Laurence Sterne e Machado de Assis: a tradição da sátira menipéia, entre outras publicações. Professora de Metodologia de Pesquisa desde 2000.