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M?sico Ainda discriminada no mercado, a profiss?o tende a ganhar mais reconhecimento com a vinda da faculdade de m?sica para Juiz de Fora

Marinella Souza
*Colabora??o
04/12/2007

"Ser m?sico ? ser um pouco diferente". Essas s?o as palavras do violinista juizforano Ladislau Brun (foto abaixo ? esquerda), formado h? cinco anos por uma universidade de Belo Horizonte. Segundo o m?sico, o pior de sua profiss?o, em especial, em Juiz de Fora ? a falta de reconhecimento pelo fato de n?o existir nenhuma faculdade no ramo na cidade. Mas ao que tudo indica, isso pode mudar em breve j? que Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) prev? a cria??o de uma Faculdade de M?sica para o vestibular de 2012, disponibilizando 50 vagas para quem tem o interesse de seguir na ?rea. (leia o artigo)

Para Ladislau, a chegada da faculdade de M?sica na cidade mudar? o olhar das pessoas em rela??o ? profiss?o."Agora as pessoas passar?o a nos enxergar como profissionais de verdade", acredita o m?sico que d? aulas de violino em um tradicional curso de Juiz de Fora.

Segundo ele, a not?cia da vinda da faculdade j? come?a a dar frutos. "Os alunos se incentivaram, muitos decidiram pela faculdade de m?sica agora que n?o ser? preciso mais sair da cidade para isso", conta. Al?m disso, o professor acredita que a faculdade "trar? enorme benef?cio cultural para Juiz de Fora".

O cantor profissional e professor de canto, Pedro Couri Neto (foto abaixo), concorda com o colega. "A faculdade vem tarde para Juiz de Fora. A cidade tem proje??o no cen?rio cultural nacional porque se situa no meio do eixo Rio-S?o Paulo-Belo Horizonte e ? reconhecida por sua efervesc?ncia cultural que precisa de mais qualidade", diz.

Para Pedro, a faculdade elevar? o n?vel dos m?sicos da cidade e dar? mais f?lego para o mercado, inclusive de professores. "Isso vai gerar mais m?sicos com alto n?vel musical, vai trazer gente nova com uma cr?tica mais arrojada sobre concertos" .

Pedro acredita ainda que os alunos ir?o para os cursos de m?sica com uma nova postura. "Tendo o objetivo de chegar ao ensino superior, a pessoa encara o curso de m?sica de uma outra forma, com mais disciplina", diz ele. E disciplina ? fundamental para se fazer um curso de m?sica bem feito.

Esfor?o e dedica??o

Engana-se quem pensa que o curso ? f?cil. Ladislau conta que ? preciso muita dedica??o antes de fazer a prova e que o curso tamb?m exige muito preparo. "Antes de entrar na faculdade ? preciso anos de prepara??o porque o candidato ? submetido a uma prova de habilidade espec?fica", conta.

O m?sico explica que o instrumento ? escolhido previamente pelo aluno e, uma vez aprovado no vestibular, dedicar? os pr?ximos quatro anos de sua vida a esse instrumento. O estudante pode optar pelo bacharelado, que ? um curso mais pr?tico, que deixa o profissional apto para tocar em uma orquestra, ou pela licenciatura - que o torna apto a dar aulas de m?sica.

O curso ? todo pr?tico, desde o primeiro per?odo a pessoa tem contato com o instrumento escolhido. As aulas s?o divididas entre pr?tica e teoria, al?m das partituras e da t?cnica, o futuro m?sico estuda outras mat?rias atrav?s de uma bibliografia que, segundo Ladislau, ? quase toda em ingl?s ou espanhol.

"? preciso uma dedica??o extrema, estudar muito, cerca de seis horas por dia para fazer um curso bem feito", conta Ladislau. "As pessoas pensam que n?o se estuda numa faculdade de m?sica, mas isso n?o ? verdade, somos exigidos como em qualquer outro curso. Ou mais...", avalia.

Antes da faculdade

Ladislau alerta que, antes de entrar para uma faculdade de m?sica, ? preciso anos de prepara??o aliando pr?tica e teoria. O ideal, ? que a pessoa comece a estudar m?sica desde cedo para que o aprendizado seja mais f?cil, mas o professor garante que ? poss?vel conseguir bons resultados com adultos tamb?m.

"Tudo ? mais f?cil de ser aprendido na inf?ncia, mas com dedica??o o adulto tamb?m aprende", diz. Ladislau explica que o curso de m?sica para crian?as come?a com a musicaliza??o, que ? uma forma de educa??o musical quando se aprende a ler partituras, diferenciar tons.

Nessa fase, a crian?a aprende a tocar a flauta doce e tem contato l?dico com outros instrumentos, em especial os de percuss?o. Depois de mais ou menos tr?s anos, a crian?a opta por algum instrumento, geralmente, com a orienta??o do professor. Foi o que aconteceu com Walacy Jess? Loures Garcia (foto ao lado.

Walacy come?ou a estudar m?sica aos sete anos, passados tr?s anos, a professora lhe ofereceu uma bolsa de violino e hoje ele ? aluno de Ladislau. O garoto de 17 anos sonha com a faculdade de M?sica, mas sabe que ser? preciso muito trabalho.

"Estou me preparando para isso, meu sonho ? ser m?sico profissional", diz o garoto. Ele come?ou a estudar m?sica por vontade pr?pria e para ele o violino ? mais que um hobby. "? uma maneira de eu me expressar e de ser mais paciente" , revela Walacy.

Quando o interesse pela m?sica vem na idade adulta, o instrumento tem que ser escolhido logo de cara porque a pessoa ter? que aprender teoria e pr?tica ao mesmo tempo."? mais dif?cil, mas existem m?sicos que come?aram a tocar ao 17 anos e hoje fazem muito sucesso", conta Ladislau.

Para Ladislau, o pior lado da profiss?o ? a falta de reconhecimento."As pessoas ainda n?o nos enxergam como profissionais. Acho que ? uma cultura nacional de que artista ? vagabundo, pelo menos nas cidades pequenas, porque nos grandes centros a recep??o ? outra", lamenta.

Apesar da tristeza por essa falta de reconhecimento, Ladislau diz que n?o larga a profiss?o. "M?sica ? tudo para mim, ? de onde eu tiro o meu sustento e eu gosto muito do que eu fa?o". O m?sico continua se aperfei?oando e estudando sempre, seus planos s?o tocar numa orquestra."Passei em um concurso e estou esperando ser chamado", comenta, deixando escapar que a faculdade de m?sica da UFJF pode abrir portas para uma p?s-gradua??o tamb?m.

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF