Crescimento e valorização da profissão de vigilante

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Crescimento e valoriza??o da profiss?o de vigilante Preocupados com a seguran?a, juizforanos investem na contrata??o de vigilantes particulares. Presen?a das mulheres neste mercado ? cada vez maior

Priscila Magalh?es
Rep?rter
26/08/2008

A procura dos juizforanos por vigilantes tem crescido nos ?ltimos anos e a profiss?o tem sido valorizada. Entre os motivos desse crescimento, est? a dificuldade de o governo garantir a seguran?a dos cidad?os atrav?s da seguran?a p?blica. "Estamos contratando e qualificando esses profissionais para atender a demanda das empresas", diz o supervisor de uma empresa de seguran?a em Juiz de Fora Natalim Mengue.

Neste contexto, a presen?a das mulheres tamb?m tem sido requisitada e considerada fundamental. "H? presen?a das mulheres em todos os locais e para auxili?-las ? necess?rio que tenham vigilantes mulheres", explica o supervisor de seguran?a da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo de Jesus Ferreira. "Atualmente, as mulheres est?o inseridas em todas as ?reas da seguran?a", completa.

Ele explica que, em algumas situa?es, a presen?a masculina pode deixar uma mulher constrangida. "Homem n?o faz revista em mulher", exemplifica ele. Lucimar Gomes (foto abaixo) est? na ?rea h? quase dois anos e diz que mulheres e homens sabem o seu lugar. "Eu n?o entro no trabalho deles. Uma mulher s? revista um homem, e vice-versa, em ?ltimo caso".

A vontade de trabalhar com seguran?a existe desde que era mais nova e veio da influ?ncia do pai, que trabalhou, durante muitos anos, em penitenci?ria. Lucimar est? feliz com a profiss?o e j? tem planos para o futuro. "Minha vontade ? a de ir para o pres?dio, assim como meu pai", diz ela, que faz quest?o de se manter bonita enquanto trabalha. "Tenho que prender o cabelo e usar o bon?. Ent?o, coloco brinco e uso batom para me diferenciar dos homens. Dizem que quando eu tiro o uniforme mudo completamente".

UFJF investe na contrata??o de mulheres

A Universidade est? em processo de contrata??o de duas mulheres para o servi?o de vigil?ncia. "? uma necessidade antiga", diz Ferreira. Elas est?o sendo contratadas para desempenhar as mesmas fun?es dos homens que j? trabalham na institui??o. Por?m, elas v?o atuar em situa?es pr?prias, que envolvem mulheres.

Segundo ele, o n?mero de mulheres que circulam na Universidade tem aumentado e a contrata??o, que deve se encerrar at? o final deste m?s, vem para atender essa demanda. "A tend?ncia ? que o n?mero aumente".

Al?m de terminar o curso de forma??o, outra exig?ncia para as mulheres que queiram trabalhar na UFJF ? ter carteira de habilita??o. "? fundamental em casos de prestar socorro e precisar se deslocar durante o trabalho".

Na UFJF s?o 50 vigilantes terceirizados e 43 federais, respons?veis pela seguran?a do campus dia e noite. Todos eles trabalham armados. "A Universidade se tornou uma cidade, com grande movimenta??o de pessoas e ve?culos. Estamos pr?ximos a bairros com grande n?mero de pessoas e o campus ? caminho para ir de um bairro ao outro". Na Universidade, os seguran?as enfrentam problemas de tr?nsito, assalto, depreda?es do patrim?nio p?blico e invas?es.

Forma??o

Para ser seguran?a ou vigilante, a legisla??o pede um curso de forma??o espec?fico. Segundo Ferreira, h? dois locais em Juiz de Fora. Antes do curso, os candidatos passam por um exame psicol?gico, que se repete em caso de contrata??o por determinada empresa.

Entre as disciplinas estudadas est?o radiocomunica??o e alarme, primeiros socorros, defesa pessoal, criminal?stica, direito penal, rela?es humanas no trabalho, no?es de seguran?a, educa??o f?sica e armamento e tiro. "? necess?rio que o aluno seja aprovado em todas", diz Mengue.

Para aprender tudo isso s?o necess?rias 160 horas. Lucimar conta que fez o curso todo em um m?s e meio. A maior dificuldade foi na aula de tiro. "Nunca havia pegado em uma arma". Ela tamb?m conta que ainda n?o precisou usar o rev?lver em servi?o.

A profiss?o ? fiscalizada pela Pol?cia Federal (PF). A legisla??o exige que o profissional tenha, no m?nimo, a quarta s?rie do ensino fundamental completa. Entretanto, tudo depende da necessidade de quem contrata o servi?o. "O cliente pode tra?ar o perfil que ele deseja. Se quiser profissionais mais qualificados, pode exigir", explica Mengue.

Dificuldades

Lucimar diz que, entre as principais caracter?sticas de um vigilante est?o a aten??o, calma, disciplina e o fato de saber ouvir antes de tomar qualquer decis?o. Sobre as dificuldades, ela diz que a maior ? a dor no calcanhar. "Ficamos em p? o dia todo", comenta.

Ferreira e Mengue v?o al?m. Eles citam a falta de estrutura em determinados locais onde os seguran?as v?o trabalhar e a falta de amparo da legisla??o. "Se uma pessoa quiser um vigia para um lote vago, o profissional n?o vai ter banheiro, ?gua e abrigo", diz Mengue. E diz mais. "A maioria das empresas n?o quer saber sobre as condi?es. S? querem assinar o contrato de trabalho. Quando o profissional n?o ag?entar mais, ? substitu?do por outro".

Jesus comenta a quest?o do porte e uso das armas. Se um seguran?a usar a arma e ferir algu?m, ele precisa comprovar que foi por leg?tima defesa. "Na pol?cia h? uma s?rie de prerrogativas e o policial se safa. Nesta profiss?o, n?o". E Mengue completa. "Mesmo que seja por leg?tima defesa, a justi?a vai levar em considera??o se foi dado um tiro na perna ou cinco no peito. H? limites". Por isso, para ele, a experi?ncia do profissional conta muito. "Ele precisa saber qual a hora certa para usar a arma", coloca Ferreira.