Mercado da moda carece de modelistas, apesar de profissão ser valorizada

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Mercado da moda carece de modelistas, apesar de profissão ser valorizadaProfissional é o responsável por criar os moldes que serão confeccionados, além de transformar ideias em produto final

Victor Machado
*Colaboração
15/10/2011

O mercado da moda tem se tornado cada vez mais valorizado em desfiles de grandes marcas e até nas vendas de produtos para os consumidores. Para o sucesso desse mercado, um profissional tem papel fundamental nas criações. O modelista é o responsável pela estrutura da roupa. É esse profissional quem cria os moldes que serão confeccionados e transforma a ideia de uma roupa em produto final.

O professor de modelagem e técnico do Laboratório de Moda do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD-UFJF), Javer Volpini, define os modelistas como os profissionais que dão vida ao design de moda. "São os trabalhadores que materializam as ideias dos designers com padrões de economia, sociais, entre outros. Eles recebem uma ideia e são os responsáveis por torná-la real. São eles quem fazem o sucesso de um produto, aliando conforto, segurança, ergonomia e estética."

Volpini afirma que esses profissionais podem ser mais valorizados no mercado do que os designers. Um recém formado, segundo ele, ganha entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil como funcionário fixo em uma empresa e de R$ 6 a R$ 7 mil como freelancer. Os profissionais com mais experiência podem ganhar entre R$ 10 e R$ 20 mil.

Apesar da valorização, o modelista comenta que o setor ainda é carente de profissionais. O principal motivo apontado por ele é a falta de cursos específicos para a área. "Historicamente, os modelistas não tinham formação acadêmica específica. Hoje, existem duas faculdades no país, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. A maioria dos cursos de moda é voltados para o design, com disciplinas de modelismo e os alunos não gostam muito." Entre os motivos para a falta de atrativos para os estudantes está a necessidade de trabalhos com cálculos. Volpini acredita que a profissão tende a crescer, principalmente pela recém criação de cursos.

Ele comenta, ainda, que muitas empresas não trabalham com um modelista fixo. Normalmente, o profissional faz uma peça piloto, envia à empresa para a aprovação ou não. "Com isso, o profissional acaba ganhando até mais dinheiro."

Mercado engatinha em JF

Em Juiz de Fora, o professor considera que o mercado ainda está engatinhando, mas tende a evoluir. "Os cursos na cidade são muito novos e a carência de profissional é grande. O espaço já está crescendo, a profissionalização e o avanço tendem a melhorar. As oportunidades são cada vez maiores e o fato de a moda ter se tornado acadêmica já é sinal de uma transformação no setor."

Tecnologia traz pontos positivos e negativos

Outro ponto destacado por Volpini é o avanço tecnológico na área, que permite a criação de softwares que geram uma vertente de modelagem computadorizada. "No computador, o profissional tem acesso a ferramentas para transformação e criação de novos modelos. É muito interessante porque as empresas, hoje em dia, não trabalham com criação de ideias e sim com variação do que já existe."

O ponto negativo do avanço tecnológico é que grande parte dos operadores desses softwares não são modelistas, o que, na opinião de Volpini, torna o resultado final abaixo do esperado. "O conhecimento técnico em modelagem é essencial, apesar de ser algo computadorizado. Às vezes é preciso fazer mudanças e o operador não tem o conhecimento para alterar ou criar variações da peça."

*Victor Machado é estudante do 8º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken