Jorginho defende Cuca e critica postura de Abel: 'não descobriu o futebol'
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Atual técnico do Atlético-GO, Jorginho fez um longo desabafo contra Abel Ferreira, comandante do Palmeiras. Em entrevista à "ESPN", o treinador brasileiro saiu em defesa de Cuca na recente 'troca de farpas' entre os colegas de profissão, admitiu que já teve problemas com a comissão técnica alviverde e criticou a postura do bicampeão da América.
Recentemente, após o Palmeiras avançar para a semifinal da Libertadores ao vencer o Atlético-MG, de Cuca, nos pênaltis, o treinador português explicou por que o adversário não foi tão bem ofensivamente, mesmo com superioridade numérica. A declaração repercutiu, e Abel foi alfinetado por Cuca e Mano Menezes, técnico do Inter.
"A questão não é se alguém vem de fora ou não, é comportamento. Eu já tive um atrito com a comissão do Palmeiras, que eu acho muito desrespeitosa com o árbitro. Eu não sou nenhum santinho, não sou aquele cara que não reclama da arbitragem, mas há um limite. Você não pode xingar o cara de tudo quanto é nome, falar que ele está cego", iniciou Jorginho.
"Eu só acho que não pode [acontecer] o que aconteceu. Eu vi a entrevista do Cuca e vi a entrevista do Abel. Respeito muito o Abel, porque ele tem sido um cara vitorioso aqui. Ele não ganhou nada antes, mas ganhou aqui. Só que ele ganhou com o Palmeiras, que é um grande time, um grande elenco. Só que ele não pode sugerir o que ele fez para mim, por exemplo. Ele sugeriu para mim: 'O time deles é muito bom ofensivamente, mas defensivamente deixa a desejar'. P..., isso ele está querendo me sacanear. Eu falei dele, mas do comportamento. Fale do meu comportamento, brigue comigo. Agora, falar da minha equipe, do meu time, do que eu teria que fazer? É o que ele fez com o Cuca", afirmou o treinador do Atlético-GO.
Em seguida, em um longo desabafo, Jorginho ainda saiu em defesa de Cuca e disse que o português não descobriu o futebol.
"O Cuca não fez nada além de expor uma situação que é uma realidade em termos de comportamento de uma equipe que perde um ou dois jogadores, ela se fecha muito mais. E o Palmeiras é uma equipe reativa. É real. E de uma frase que o Cuca fez, eles trouxeram basicamente uma doutrina. Cara, não é. O Cuca sabe o quanto é difícil jogar contra uma equipe que tem nove jogadores, porque ela vai se fechar, vai ficar num 4-4-1, ou talvez num 5-4, que é difícil de entrar. E ela não vai se expor, só vai se expor com um ou dois jogadores de velocidade. Foi isso que ele colocou", disse Jorginho, defendendo o técnico do Atlético-MG.
"O Abel é muito bom treinador e ponto final. Não está em discussão a questão da capacidade dele. O que está em discussão, principalmente nessa situação, é que ele não descobriu o futebol. Nós não estamos na época que portugueses estão vindo para cá e descobrindo o futebol, esquece! O que aconteceu com o Jorge Jesus foi extraordinário, o que está acontecendo, mas é porque tem um elenco como o Flamengo e como o Palmeiras. Eu quero ver ele fazer o que está fazendo ao vir aqui no Atlético-GO. Vem aqui e vai ser campeão brasileiro", desafiou o brasileiro.
Seguindo com o longo desabafo à "ESPN", Jorginho seguiu falando sobre o atrito entre Cuca e Abel Ferreira. Ele afirmou que já foi acusado de xenofóbico e que o intuito não é arrumar 'briga com ninguém'.
"Eu estou abrindo meu coração e não quero briga com ninguém. É uma sacanagem o cara chegar e querer falar que ele enxergou mais do que o Cuca. Isso é uma falta de respeito para mim", disse.
"Eu já fui chamado de xenófobo. Olha só a que ponto nós chegamos. Quando as pessoas vencem, as pessoas esquecem. Se um treinador brasileiro fosse para dentro do vestiário escutar música na hora do pênalti [se referindo à disputa entre dos times na Libertadores], ele seria chamado de covarde. Mas por ter ganhado, nada acontece, está tudo certo", acrescentou.
Por fim, Jorginho disse que o Palmeiras tem muito dinheiro e outros treinadores também venceriam no lugar de Abel. Ele também lembrou o trabalho de Andrey Lopes, auxiliar que dirigiu a equipe antes de Abel assumir o comando.
"É um desabafo, mas com todo respeito. Sou um cara muito transparente e estou falando aqui com muita consciência. Ele não pode falar o que outro treinador [tem que fazer], porque ele não sabe mais do que o outro. Ele é vencedor, porque, se tivesse outro ali, também seria vencedor. O Cebola estava fazendo um excelente trabalho antes de ele chegar. E quem sabe se o Cebola não permanecesse, não teria sido campeão como ele foi? Porque o Palmeiras tem muito, muito dinheiro."