Flamengo assegura terceira final seguida entre times do Brasil na Libertadores
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Flamengo confirmou seu amplo favoritismo, voltou a vencer o argentino Vélez Sarsfield, nesta quarta-feira (7), por 2 a 1, no Maracanã, e, como o segundo time do Brasil classificado à final, garantiu ao país mais um título da Copa Libertadores.
Na outra semifinal, na terça (6), o Athletico-PR eliminara o Palmeiras. A decisão, em jogo único, será no dia 29 de outubro, no estádio Monumental Isidro Romero Carbo, em Guayaquil, no Equador.
Será a sexta vez na história em que dois clubes do mesmo país vão decidir o título do torneio, a quinta com equipes brasileiras, que venceram as últimas três edições.
Como o Flamengo havia goleado na partida de ida, na Argentina, por 4 a 0, somente uma muito improvável virada no Rio de Janeiro mudaria os rumos do confronto. Mas, com gols de Pedro e Marinho, o time carioca passou longe de qualquer risco.
Em campanha para sua reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no Maracanã e acompanhou o jogo ao lado do senador Romário (PL), também candidato à reeleição, e do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), outro que está na disputa para se manter no cargo.
Bolsonaro foi bastante vaiado. Ele não foi anunciado no telão. Mas torcedores notaram sua presença nos camarotes após as primeiras manifestações daqueles que estavam próximos dele.
Em seguida, apoiadores, em menor número, ofenderam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também candidato a reeleição.
Logo depois, as torcidas organizadas aceleraram músicas do Flamengo.
Antes de a bola rolar dentro do estádio, a repórter Jessica Dias, da ESPN, foi assediada por um torcedor do Flamengo enquanto fazia a cobertura da partida nos arredores do Maracanã.
Enquanto ela falava ao vivo para a emissora, o flamenguista se aproximou e de um beijo no rosto dela. A jornalista fica nitidamente desconfortável com a situação. De acordo com o UOL, tanto a repórter quanto o torcedor foram levados ao Juizado Especial Criminal localizado dentro do estádio.
Em nota, a ESPN disse que vai dar apoio à profissional e espera que "o agressor seja punido com todo o rigor que a lei permite." O Flamengo também lamentou o ocorrido e classificou o ato como "lamentável" e "repugnante, que não representa a nação rubro-negra."
Quando a bola rolou, o Vélez até tentou mostrar algum poder de reação para reverter a desvantagem do jogo de ida, abriu o placar com Lucas Pratto, aos 21 minutos, mas sofreu a virada. Pedro empatou ainda no primeiro tempo, aos 42. E Marinho virou na etapa final, aos 23. No agregado, o jogo terminou 6 a 1.
Agora, o Flamengo terá a chance de buscar o seu terceiro troféu continental e superar a frustração da última edição, na qual acabou derrotado pelo Palmeiras na final, por 2 a 1, em um duelo que se estendeu à prorrogação no estádio Centenário, no Uruguai.
São três finais seguidas somente com clubes do Brasil desde 2020. Nas últimas seis edições, apenas uma vez a Libertadores não teve um brasileiro na fase derradeira, em 2018, quando o River Plate derrotou o Boca Juniors, em duelo argentino.
O sucesso das equipes brasileiras na competição coincide com a mudança no regulamento do torneio, em 2017, quando o número de participantes saltou de 38 para 47. Naquele ano, o Grêmio foi finalista e derrotou o argentino Lanús.
Com a ampliação da fase preliminar, anterior à disputa por grupos, o Brasil passou a ter ao menos sete vagas, duas a mais do que antes. Argentina e Colômbia também receberam duas novas vagas. Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Venezuela e Peru ganharam uma vaga cada um.
Embora não seja possível creditar o atual domínio brasileiro somente ao aumento do número de clubes no campeonato ?seu maior poderio financeiro é evidente neste momento?, a presença dos brasileiros em finais quase triplicou na comparação com as seis edições anteriores à mudança no regulamento.
De 2011 a 2016, três equipes do Brasil chegaram à final do torneio: Santos (2011), Corinthians (2012) e Atlético-MG (2013). De 2017 para cá, também seis edições, foram oito classificações brasileiras para a decisão: Grêmio (2017), Flamengo (2019, 2021 e 2022), Palmeiras (2020 e 2021), Santos (2020) e Athletico Paranaense (2022).
Como consequência disso, os brasileiros também passaram a embolsar mais receitas de direitos de TV, o que ampliou o abismo financeiro para os demais times do continente.
Considerando, por exemplo, o atual contrato de direitos de transmissão da Libertadores (2019 a 2022), os times daqui vão embolsar US$ 145 milhões. Considerando a cotação do dólar em cada ano, isso significa uma distribuição aproximada de R$ 704,2 milhões por 12 clubes que disputaram as fases de mata-mata.
Dessa forma, 64% desse tipo de receita vem para o Brasil, enquanto 36% é distribuído por times de outros países ?US$ 80,8 milhões (R$ 379,1 milhões).
Para o presidente da Conmebol, esse domínio brasileiro é momentâneo. "Hoje, os times brasileiros estão trabalhando muito profissionalmente. Por causa da performance é que estão chegando à final. Se olhar a história completa, um país dominou cada década", afirmou Alejandro Domínguez, mandatário da entidade.
A hegemonia brasileira tem causado incômodo nas demais federações do continente. Algumas defendem que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) volte a criar mecanismos para impedir que duas equipes do mesmo país avancem à final. No entanto, com sete vagas para o Brasil, mais duas possíveis vagas extras para o defensor do título e para o campeão da Copa Sul-Americana, é quase impossível criar direcionamentos nos mata-matas que impeçam as finais caseiras.
Também em 2017, quando ampliou o número de clubes participantes, a entidade que regula o futebol sul-americano anunciou o fim do cruzamento forçado entre times do mesmo país nas semifinais, facilitando assim a disputa de uma decisão com clubes da mesma nacionalidade.
O dispositivo para barrar finais caseiras havia sido criado justamente após reclamações das federações que ficaram irritadas com as finais de 2005 e 2006, quando o Brasil monopolizou as decisões. O São Paulo venceu o Athletico-PR em 2005 e perdeu para o Internacional no ano seguinte.
Novamente com duas equipes do país na fase derradeira, o Brasil chegará ao 22º título, atrás somente da Argentina, que tem 25. O Uruguai, em terceiro, está bem distante, com oito.
CONFIRA TODAS AS FINAIS COM CLUBES DO MESMO PAÍS NA HISTÓRIA DA COPA LIBERTADORES:
2005 - São Paulo x Athletico Paranaense (São Paulo campeão)
2006 - São Paulo x Internacional (Internacional campeão)
2018 - River Plate x Boca Juniors (River Plate campeão)
2020 - Palmeiras x Santos (Palmeiras campeão)
2021 - Palmeiras x Flamengo (Palmeiras campeão)
2022 - Athletico Paranaense x Flamengo (a definir)
FLAMENGO
Santos; Rodinei, Fabrício Bruno, Pablo e Filipe Luís (Ayrton Lucas); Vidal (Pulgar), João Gomes, Everton Ribeiro (Diego Ribas) e Arrascaeta (Varela); Everton (Marinho) e Pedro. Técnico: Dorival Júnior
VÉLEZ SARSFIELD
Burián; Jara, De los Santos, Brizuela e Ortega; Garayalde, Cáseres (Seoane), Florentín (Julián Fernández), Janson (Santiago Castro)e Orellano (Osorio); Pratto (Walter Bou). Técnico: Alexander Medina
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Piero Maza (CHI)
Auxiliares: Alejandro Molina (CHI) e Claudio Urrutia (CHI)
VAR: Juan Lara (CHI)
Cartões amarelos: Filipe Luis, Vidal (FLA); Garayalde, Seoane e Brizuela (VEL)
Gols: Pratto (VEL), aos 21'. e Pedro (FLA), aos 41'/1ºT; Marinho (FLA), aos 22'/2ºT