O que o 3 a 0 mostrou para Tite e como isso afeta Daniel Alves e Pedro

Por GABRIEL CARNEIRO E THIAGO ARANTES

SÃO PAULO, SP, E LE HAVRE, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) - A vitória por 3 a 0 sobre Gana foi o penúltimo compromisso da seleção brasileira antes da Copa do Mundo do Qatar. Como todo jogo que acontece nesse período, serviu para dar respostas a Tite e sua comissão técnica sobre as últimas dúvidas na definição da lista de 26 convocados que será anunciada em 7 de novembro.

Da indefinição na lateral-direita que pode tirar Daniel Alves do Mundial até a dúvida que os gols de Richarlison colocam na cabeça de Tite no momento em que finalmente conseguiu convocar o flamenguista Pedro, o UOL Esporte separou cinco incertezas que o Brasil tinha antes do amistoso desta sexta-feira (23) e que agora mudam de status.

MILITÃO E DANIEL ALVES

O zagueiro Éder Militão jogou improvisado na lateral-direita contra Gana e agradou. "Foi uma surpresa agradável. Eu não imaginava que ele estivesse com tanta desenvoltura, então passa a ser uma opção naquilo que é uma solidez defensiva", disse Tite.

O técnico também brincou dizendo que "teve uma hora que ele colocou seis marchas, não eram nem cinco" a respeito de uma arrancada de Militão para o ataque.

O fato de o jogador do Real Madrid ter passado no teste significa que a situação fica mais complicada para os laterais-direitos que Tite não convocou para estes amistosos: Emerson Royal e Daniel Alves. Antes considerado como certeza na lista de convocados, o veterano de 39 anos sofreu com problemas físicos e técnicos na chegada ao Pumas e hoje sua convocação é dúvida.

OFENSIVO

A seleção jogou na sexta (23) com Paquetá de segundo volante e Neymar de meia atrás de um trio de atacantes formado por Raphinha, Vini Jr e Richarlison. Ou seja, metade do time com características bem ofensivas. As mudanças do segundo tempo tiveram o mesmo sentido, com Rodrygo, Everton Ribeiro, Antony e Matheus Cunha em campo.

Um debate que nasceu desse sistema de jogo é se dá para escalar o time assim contra seleções mais fortes do que Gana. Para Neymar, é possível: "Da maneira como todos os jogadores ofensivos correm, marcam, todo mundo se ajuda, acho que não tem problema nenhum." Tite e Marquinhos deram declarações parecidas, com destaque para a fala do zagueiro e capitão:

Se a gente perder a bola, é preciso reagir para recuperar rápido ainda no campo de ataque. Essa pressão é muito importante e foi assim que saíram os nossos gols."

SEGUNDO TEMPO

Tite elogiou muito o primeiro tempo do Brasil contra Gana, quando saíram os três gols. Só que o treinador também admitiu que a equipe perdeu o controle nos primeiros minutos da etapa complementar. A razão é simples: os africanos mudaram seu modo de marcação e trocaram a linha de quatro defensiva por uma linha com cinco jogadores ? três zagueiros e dois laterais recuados.

Essa linha de cinco dificultou o jogo do Brasil, que não criou quase nada no começo do segundo tempo. As coisas começaram a melhorar com mudanças, tanto táticas, quanto de jogadores. Militão, por exemplo, começou a jogar mais por dentro, e Raphinha teve mais responsabilidades defensivas. Algumas oportunidades foram criadas, mas o que ficou deste jogo é que a seleção ainda precisa trabalhar variações contra adversários que marcam desse jeito.

Tite queria há muito tempo convocar Pedro para a seleção. O flamenguista é o que ele chama de jogador "terminal", o centroavante plantado na área para a última bola. É o que considera ideal para enfrentar adversários muito fechados. Com a chegada de Dorival Júnior, o atacante embalou boas atuações, gols e justificou a chance.

Só que na sexta, além de não sair do banco, viu Richarlison fazer dois gols como dono da camisa 9 e pedir respeito aos torcedores. "O Richarlison cheira a gol. Ele não quer saber, ele quer finalizar. Ele quer ir para o gol", disse Tite, sobre o atacante que marcou em quatro dos cinco últimos jogos da seleção.

A boa fase de Richarlison não significa que Pedro vai perder espaço na preferência de Tite. A tendência é que ele jogue contra a Tunísia, assim como Matheus Cunha, que entrou diante de Gana e ainda persegue o primeiro gol com a Amarelinha. A disputa está aberta e Tite incentiva "concorrência leal".

BREMER

Bremer, da Juventus, entrou no intervalo da vitória contra Gana e ganhou elogios de Tite. O objetivo da modificação era justamente testar em campo uma das opções para a quarta vaga na zaga do Qatar. Com Thiago Silva, Marquinhos e Militão garantidos, é urgente definir o último nome.

Bremer sai em vantagem em relação a Ibañez, que também foi convocado nesta janela de jogos. Tite gostou, ainda mais porque Bremer entrou num momento em que a seleção perdeu o controle do jogo e precisou se defender. Graças a mais um jogo sem ser vazada, a defesa da seleção está perto de ganhar um novo nome certo para 7 de novembro.