Cristiano Ronaldo não se arrepende da recusa a entrar em campo pelo United

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O clima entre Cristiano Ronaldo e o Manchester United só piora. Em entrevista à "TalkTV", o jogador voltou a falar sobre a relação com o técnico Erik ten Hag, além de explicar o que o levou a deixar Old Trafford antes do final dos jogos com Rayo Vallecano e o Tottenham. Os episódios aconteceram em julho e outubro.

"Tive problemas nas férias com a minha filha mais nova, que teve bronquite e esteve hospitalizada. Estava em Maiorca e ela esteve uma semana no hospital, nem sequer aproveitei as férias. As pessoas inventaram que eu não queria ir para a pré-temporada mas eu sou ser humano e vou estar sempre ao lado da minha família. Isto é inegociável. Passei por momentos complicados. Falei com os dirigentes do United e eles não acreditaram em mim. Isso me magoou, duvidaram da minha palavra. Não me apresentei porque não podia deixar a minha família. Não era justo. No mundo do futebol todos são individualistas e não se preocupam contigo. Duvidaram do meu profissionalismo, mas como está no topo durante 21 anos se não for o mais profissional?", questionou.

"Arrependo-me de ter feito [sair antes do fim do jogo com o Rayo] mas, ao mesmo tempo, me senti provocado pelo treinador. Não sou jogador para jogar três minutos em jogo, sei o que posso dar à equipe. [Contra o Tottenham] Eu e outros oito jogadores saíram do estádio. Todos fazem isso, porque só falam de mim? Sou a ovelha negra, até entendo, só o meu nome interessa. Está feito, pedi desculpa ao treinador e, para mim, esse assunto ficou encerrado", completou.

No jogo com o Rayo Vallecano, em julho, o atacante foi substituído no intervalo e foi visto deixando o Old Trafford antes do apito final. Já em outubro, Cristiano se recusou a entrar em campo no jogo diante do Tottenham. O técnico Erik ten Hag se aproximou do português, que fez o sinal de negativo com o dedo indicador.

"Ele não me respeita como eu mereço mas é o que é. É por isso que, provavelmente, deixei o estádio no jogo com o Tottenham. Ele escolhe quem pensa que é melhor para a equipe mas as desculpas a toda a hora... Não me colocou contra o City por respeito à minha carreira mas queria colocar aos 87 minutos contra o Tottenham? Fez de propósito, na Seleção se for para jogar cinco minutos eu ajudo mas, nesse jogo, senti-me provocado. É óbvio e é por isso que não respeito o treinador", afirmou.

"A empatia entre nós não existe e a imprensa protege a ele e ao United. Ele assinou um contrato de três anos, provavelmente eu não vou estar muito mais tempo no clube. Mas eu gosto de pessoas honestas, que não mentem e os meus valores morais não são negociáveis. Arrependo-me de ter saído do estádio mais cedo, estava super desapontado. Suspenderam-me três dias, penso que foi um exagero, uma humilhação para mim. Nunca tive problemas em nenhum clube e com nenhum treinador... Cheguei a casa e o meu filho perguntou-me se não ia ao jogo, eu expliquei e ele riu. Pedi desculpa, cometi um erro, mas o castigo foi demais e foi como gasolina para a imprensa", completou.

No início de outubro, quando o Manchester United perdeu para o Manchester City por 6 a 3 fora de casa, pela Premier League, o treinador explicou que manteve Cristiano no banco por "respeito à carreira" do jogador. Cristiano Ronaldo teve um começo conturbado de temporada no United depois de perder a pré-temporada.

"É sempre minha culpa, eu sou o problema, sou a ovelha negra. Jogando bem ou mal criticam-me sempre, até na Seleção, nos últimos três meses a crítica foi terrível. Não só a nível do futebol mas familiar e profissionalmente também. As pessoas devem ouvir da minha boca os fatos e é por isso que dou esta entrevista, é o tempo certo para dizer o que sinto. O que disseram de mim tem sido autêntico lixo, coisas falsas, inventam problemas familiares...", finalizou.

Relacionado em 18 partidas dos Diabos Vermelhos até antes da Copa do Mundo, Cristiano marcou apenas três gols e deu duas assistências.