Novo sócio de seu ídolo Messi, Enzo Fernández é revelação da Copa
DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Se Lionel Messi é o ídolo incontestável, a Scaloneta (apelido do time de Lionel Scaloni) na Copa do Mundo tem um novo rosto. Enzo Fernández, 21, fez seu um lugar no meio-campo da Argentina. Na partida contra o México, na segunda rodada, quando o empate começava a enervar a equipe, ele entrou para mudar o rumo da partida.
Fez um golaço e manteve a posição para os 2 a 0 sobre a Polônia, na última quarta-feira (30). Confronto em que a seleção teve grande atuação.
"Ele entrou como se estivesse sempre com esse grupo. Ele tem uma marcha a mais em relação aos outros", diz Lionel Scaloni sobre o meia, que pode ser apontado como uma das revelações do torneio até agora. Ele é um dos nomes certos quando a Argentina entrar em campo neste sábado (3) para enfrentar a Austrália, às 16h (de Brasília), pelas oitavas de final.
Tal qual Alejandro Sabella, técnico que levou a equipe à final em 2014, Scaloni encontra a melhor formação com o Mundial em andamento, faz mudanças e molda o esquema. Foi assim que Martín Demichelis e Lucas Biglia conquistaram vaga no time no trneio disputado no Brasil.
A versão 2022 mostra que as entradas de Alexis MacAllister, Julian Álvarez e Enzo Fernández podem mudar os rumos da seleção no Oriente Médio.
A Argentina que começou como decepção e perdeu de forma surpreendente para a Arábia Saudita, terminou na primeira posição do seu grupo.
Na avaliação do treinador, se Rodrigo De Paul é o incansável que corre o tempo inteiro para fazer Messi brilhar, Fernández oferece toque de criatividade e "rebeldia" que faltou na estreia. Isso apesar de o time vir de uma sequência invicta de 36 partidas. O próprio Messi percebeu isso.
"É impressionante. Ele se destacou muitíssimo no River e faz o mesmo agora no Benfica. Não me surpreende o nível de Enzo porque já havia o enfrentado na Champions e notei como joga. É um menino espetacular, muito humilde e um jogador importantíssimo para nós. Seu golaço [contra o México] liquidou a partida", elogiou o camisa 10 e capitão.
Há tempos a Argentina tenta encontrar um jogador criativo para atuar ao lado do seu maior craque. O trabalho já ganhou até um apelido: sócio de Messi. O próprio De Paul já foi chamado assim. Antes dele houve Javier Pastore (por pouco tempo), Fernando Gago, Maximiliano Meza, Ever Banega... A lista é grande.
Agora é a chance de Enzo Fernández.
Contra a Austrália, ele pode ter maior preponderância ainda pelo possível desfalque de Ángel Di María, que teve sobrecarga muscular na perna esquerda diante dos poloneses. Se não puder jogar, os principais candidatos a substituí-lo são Papu Gómez e Ángel Correa. Mas também há a possibilidade de Scaloni alterar o esquema, escalar Messi como falso 9 e dar maior protagonismo para Fernández.
A lembrança desta última alternativa não é boa. Jorge Sampoli não treinou esta tática nenhuma vez, mas o colocou em prática nas oitavas de final na Rússia, em 2018, contra a França. A Argentina acabou eliminada.
"Quem acompanha a seleção sabe que não sou de insistir com os mesmos jogadores, sou mais de me guiar por sensações e poucas vezes repeti [escalações]. É verdade que a sensação da equipe foi muito boa, como no segundo tempo contra o México. Não pensamos em jogar sempre com o mesmo time", disse o técnico.
O momento e a confiança da equipe são bem diferentes agora em relação ao que aconteceu há quatro anos. Isso, em parte, graças à entrada de Enzo Fernández, o garoto que aos 15 escreveu uma carta a Messi pedindo que ele não deixasse de jogar na seleção e, agora, no último Mundial do ídolo, tenta ajudá-lo a ser campeão.
Mas nem todos ainda o conhecem. Na saída do estádio 974, o novo titular foi abordado por um jornalista de fora da Argentina.
"Como você se sente jogando seu último Mundial, Enzo Pérez?", questionou um repórter, citando o meia que disputou as Copas de 2014 e 2018.
O integrante do elenco de 2022 parou por um segundo.
"Eu sou Enzo Fernández."
E foi embora.