Argentina e Croácia decidem primeiro finalista da Copa do Qatar, a última de Messi
SÃO PAULO, SP, E DOHA, QATAR (UOL - FOLHAPRESS) - Sobraram quatro seleções na Copa do Mundo, duas das quais decidiram a última edição do torneio. Na tentativa de retornar ao confronto final, a França, defensora do título, e a Croácia, atual vice-campeã, terão pela frente, respectivamente, Marrocos e Argentina.
O primeiro duelo está marcado para esta terça-feira (13), no estádio Lusail, em Lusail. Responsável pela eliminação do Brasil, de Neymar, a Croácia buscará frustrar a Argentina, de Messi. Em 2018, embora as circunstâncias fossem bem diferentes, mostrou ser capaz.
Argentinos e croatas precisaram dos pênaltis para avançar às semifinais da Copa do Mundo. Para os primeiros, o martírio da prorrogação e dos pênaltis foi desnecessário. Para os segundos, quase uma praxe.
No caminho para a decisão da Copa da Rússia, a Croácia disputou o tempo extra nas oitavas, nas quartas e nas sêmis de 2018. No Qatar, superaram Japão e Brasil nos pênaltis ?contra a seleção verde-amarela, buscaram o empate aos 12 minutos da segunda etapa adicional.
Já a Argentina vencia a Holanda por dois gols até os 38 minutos do segundo tempo, quando foi vazada pela primeira vez. Teve a rede balançada de novo aos 56 (não é um erro de digitação) e, mantida a igualdade na prorrogação, levou a melhor nos tiros da marca penal.
"Estamos aliviados, mas não era jogo para pênaltis, não era nem para ir à prorrogação", disse Messi, craque da formação alviceleste, que obviamente terá atenção especial da Croácia. Mas não marcação individual.
"Sabemos como ele corre, como gosta de ter a bola nos pés, e a chave para a gente será ter disciplina. Precisamos marcá-lo, mas não homem a homem. Como não fizemos homem a homem da última vez", afirmou o técnico da Croácia, Zlatko Dalic.
A referência é ao confronto realizado na Copa de 2018, na fase de grupos, com vitória croata por 3 a 0. A Argentina realizava uma competição caótica, (não) comandada por Jorge Sampaoli, e o craque sul-americano foi frustrado. "É só ver a expressão corporal dele", disse Dalic, há quatro anos.
Agora, sob direção de Lionel Scaloni, a equipe Argentina é muito mais bem organizada. Messi está mais velho, é verdade, com 35 anos. Porém, em seu último Mundial, continua sendo quem conduz a formação alviceleste.
Do outro lado, estará um time que se recusa a desistir.
E que gosta de ter a bola nos pés. Se a Croácia marcar na terça, a jogada muito provavelmente terá passado por um dos três ?ou pelos três? homens de seu meio-campo. O brilhante Modric, 37, que também faz sua última Copa, é auxiliado pelos competentes e dedicados Kovacic, 28, e Brozovic, 30.
OBJETIVO ARGENTINO
A seleção da Argentina está em uma campanha para limpar a própria imagem. A ideia é afastar o estigma de que os argentinos, por vezes provocadores, não sabem ganhar e nem perder.
A equipe, como um todo, sofreu duras críticas da imprensa internacional por causa das diversas provocações feitas aos jogadores holandeses durante e depois da sofrida vitória nos pênaltis nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022. Lionel Messi, inclusive, foi um dos principais alvos das contestações, também já na zona mista, quando chamou o atacante Weghorst de "estúpido".
Esse ar de um Messi com personalidade mais forte, inclusive, tem sido valorizado entre os argentinos. Na véspera do duelo com a Croácia, na semifinal, o técnico Lionel Scaloni defendeu a postura da equipe no conturbado jogo anterior. Ele chegou a mencionar que o futebol tem árbitros justamente para mediar as partidas.
"Jogamos como se tinha que jogar, isso vale para os dois lados. O futebol é isso, há momentos de defender e há momentos de atacar. Foi uma partida difícil. Temos que acabar com esse tabu de que a Argentina não sabe perder e nem ganhar. Respeitamos profundamente a Holanda", explicou.
O argumento de Scaloni teve referência no Brasil. O técnico foi buscar a final da Copa América de 2021 como exemplo, quando, depois da comemoração do título, Messi sentou ao lado de Neymar nas escadas que levam ao vestiário do Maracanã. Trocaram risos e abraços.
"Vencemos a Copa América no Brasil com uma imagem linda de Messi, Paredes e Neymar sentados juntos no túnel do Maracanã", completou.
Sobre a liderança de Messi, que é a grande referência da seleção na competição, com quatro gols no Qatar, o treinador argentino foi direto: não está surpreso com aquilo que tem visto.
"O Leo não me surpreende, porque ele sempre foi assim. Sempre foi um ganhador, tem muito orgulho e vontade de seguir jogando futebol", destacou.
MURALHA CROATA
A Croácia imagina que vai enfrentar nesta terça um verdadeiro inferno na semifinal da Copa do Mundo contra a Argentina. Técnicos, jogadores e torcedores sabem que entrarão em um campo tomado pelos torcedores sul-americanos movidos pelo sonho de finalmente ver Lionel Messi campeão do mundo.
Os hermanos têm sido destaque em todo o Mundial por conta de sua torcida, que transforma cada partida em um jogo de Libertadores. Conseguiram até balançar os containers do Estádio 974 na partida decisiva da fase de grupos contra a Polônia.
Foi esse o tom que o técnico da Croácia, Zlatko Dali?, e toda a imprensa local adotaram para a coletiva de imprensa desta segunda-feira (12). Normalmente organizado em uma sala auxiliar, o evento precisou ser transferido para a sala que leva o nome de "Estádio Virtual" por causa da alta procura dos jornalistas de todo o mundo.
"Acho que os dois países são muito emocionais, mas quando você olha o que os torcedores argentinos fazem... É incrível! Somos em um menor número, mas o futebol é assim e não temos do que reclamar", afirmou o comandante.
Dalic elegeu a vitória contra a Inglaterra em 2018, na semifinal do Mundial da Rússia, como a sua vitória favorita e colocou o triunfo contra o Brasil logo em seguida. Segundo ele, parar a Argentina de Messi em uma nova semifinal de Copa pode superar tudo isso.
Além de elogiar o jogo do craque argentino, ele também destacou que os adversários sabem muito bem fazer coisas que vão além do futebol e usaram as provocações dos sul-americanos na partida contra a Holanda, pelas quartas de final, como uma grande armadilha que eles não podem cair.
"Não vamos nos adaptar ao estilo de jogo deles, assistimos ao jogo contra a Holanda em que houve muitos duelos e situações acirradas. Até mesmo coisas que não estão relacionadas ao futebol. Queremos evitar isso a todo custo e esperamos que o árbitro tenha um bom controle sobre a partida", afirmou
Ao lado de Dalic estava também Perisic, jogador do Tottenham. O atleta disse que espera um jogo coletivo forte da Croácia para parar Messi, assim como eles conseguiram fazer na maior parte do tempo com Neymar.
Perisic foi questionado sobre a oportunidade de não permitir que Messi realize o seu sonho de ser campeão do mundo assim como Marrocos fez com Cristiano Ronaldo, que deixou o gramado em prantos após a queda nas quartas. Ele não teve nem dúvidas ao responder.
"Vimos há alguns dias que Portugal com Cristiano Ronaldo foi eliminado. Messi também quer conquistar este troféu pela quinta vez, mas por outro lado estaremos 100% porque, como todos, queremos vencer", afirmou.
ESCALAÇÕES
O ponta direita Ángel Di María retorna nestas semifinais para o time do técnico Lionel Scaloni, que pode trocar o sistema de 3-5-2 adotado contra a Holanda, para o 4-3-3 habitual. Ao trio ofensivo da seleção argentina devem se somar Lionel Messi, pela esquerda, e Julian Alvarez à frente.
Assim, uma provável escalação de Scaloni tem: Emiliano Martínez; Molina, Romero, Otamendi, Tagliafico; De Paul, Enzo Fernández, Mac Allister; Di Maria, Messi e Julián Álvarez.
O técnico da Croácia Zlatko Dalic pode recompensar Bruno Petkovic com uma vaga no time titular pelo gol de empate que o atacante marcou contra o Brasil na prorrogação ?Kramaric perderia a vaga. A presença de Josip Stanisic, com lesão muscular, ainda gera dúvidas.
Dalic deve entrar em campo com: Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa; Brozovic, Kovacic e Modric; Petkovic (Kramaric), Pasalic e Perisic.
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Estádio: Lusail, em Al Daayen (Qatar)
Horário: Às 16h (de Brasília) desta terça-feira (13)
Árbitro: Daniele Orsato (ITA)
Assistentes: Ciro Carbone e Alessandro Giallatini (ambos da Itália)
VAR: Massimiliano Irrati (ITA)
Transmissão: Globo, SporTV, Globoplay, Fifa+ e CazéTV (Twitch/YouTube)