Após baque inicial, Ronaldo imagina dias melhores no Cruzeiro em 2023

Por CARLOS PETROCILO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em seu primeiro ano à frente do Cruzeiro e com um acesso à elite do Campeonato Brasileiro, o ex-atacante Ronaldo reconhece que teve dificuldades para entender a realidade financeira do clube e imagina dias melhores para o ano que vem.

"Ficamos felizes com o resultado esportivo. Na área administrativa, demoramos muito para tomar as ações que precisamos, até descobrir realmente o tamanho da dívida", afirmou Ronaldo.

"Os próximos anos já serão um pouco mais fáceis com as dívidas organizadas. Então, espero a partir do próximo ano ter dias melhores", acrescentou o dono do clube em que iniciou a carreira de atleta.

A avaliação de agora é bem diferente em relação ao que Ronaldo disse na primeira entrevista que concedeu após ter anunciado, no dia 18 de dezembro do ano passado, a compra do Cruzeiro por R$ 400 milhões.

"A cada dia que abrimos uma gaveta, encontramos uma surpresa negativa", afirmou, na ocasião em que as dívidas do clube se aproximavam de R$ 1 bilhão.

"Diria que o Cruzeiro é um paciente em estado grave, na UTI, e nós estamos oferecendo o tratamento necessário para que saia dessa condição."

A gestão da equipe elaborou um plano de recuperação judicial baseado nos incentivos previstos pela lei que institui a SAF (Sociedade Anônima do Futebol), entre eles, o parcelamento e o desconto dos juros e correções.

A proposta para pagar os credores foi apresentada à Justiça, que deve agendar assembleia para homologação dos acordos.

Um dos times mais vitoriosos do país, o Cruzeiro vem sobrevivendo a uma crise técnica e tenta recuperar o prestígio de sua imagem. No mesmo ano em que caiu para a segunda divisão, a agremiação virou caso de polícia.

A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais passaram a investigar supostos desvios de recursos, falsidade ideológica e falsificação de documentos ocorridos em 2018 e 2019 --na gestão de Wagner Pires de Sá. A ação criminal tramita em sigilo na Justiça.

Em seu começo na Série B, o time sentiu o golpe ao perder quase metade de suas receitas e foi punido pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) com a perda de pontos por dívidas com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos.

Como comparação, a agremiação registrou faturamento de R$ 224 milhões somente com direitos de TV e venda de atletas em 2019, ante R$ 61 milhões em 2020, a primeira temporada em que conheceu a realidade financeira da Série B.

Após duas tentativas fracassadas de voltar à divisão principal, o Cruzeiro fez uma campanha quase impecável neste ano e conseguiu o acesso a sete rodadas do fim da competição.

Com a conquista, a diretoria prevê para 2023 uma receita na faixa de R$ 200 milhões. A ideia é dobrar essa quantia em 2025. Em 2021, o faturamento foi de R$ 115 milhões --as contas deste ano ainda não foram fechadas.

No campo, as metas ainda estão abaixo do que a torcida do Cruzeiro se acostumou a ver. O plano é, no mínimo, obter uma vaga na Copa Sul-Americana e avançar às oitavas de final da Copa do Brasil.