Sete pontos para entender a acusação de estupro contra Daniel Alves
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Cinco dias após a prisão de Daniel Alves, 39, em Barcelona, na Espanha, acusado de estuprar uma jovem de 23 anos no banheiro de uma boate, as informações reveladas a conta-gotas pelas investigações pioram a situação do jogador brasileiro a cada dia. Saiba como está o caso até agora.
1. A PRISÃO
Na semana passada, a morte da mãe da modelo espanhola Joana Sanz, com quem Alves é casado desde 2017, fez com que o jogador pedisse dispensa de seu time no México e viajasse a Barcelona. Naquele momento, a polícia catalã já tinha ouvido dezenas de pessoas que estiveram na boate. Aproveitando sua presença no país, a unidade contra crimes sexuais da delegacia de Las Corts o chamou para prestar esclarecimentos sobre uma suposta denúncia. Alves chegou à delegacia às 10h da manhã da sexta-feira (20), sem advogado e sem saber da profundidade das investigações. Minutos depois, um policial declarou: "Está preso".
2. A CONTRADIÇÃO
Transferido para a Cidade da Justiça de Barcelona, Alves prestou depoimento à juíza Maria Concepción Canton Martín. Ele, que havia inicialmente dito que não conhecia a jovem, trocou de versão e disse que a tinha visto, mas que nada tinha acontecido. Confrontado com a informação de que a jovem havia descrito uma tatuagem em forma de meia-lua entre seu abdômen e virilha, ela mudou novamente de narrativa, afirmando que ela o havia seguido ao banheiro e se jogado em cima dele. Ao final, manteve que a relação foi consensual. Ele segue negando o crime.
3. A VÍTIMA
Em depoimento à juíza Maria Marín, além de ter descrito a tatuagem íntima, a jovem de 23 anos narrou em detalhes o que teria acontecido nos 16 minutos que ela e o atleta passaram sozinhos no banheiro. Segundo ela, Alves disse "que eu não podia ir embora e que eu tinha que dizer a ele que eu era sua putinha". Ele teria forçado a cabeça da mulher para seu pênis e depois lhe dado um tapa no rosto. Em seguida, teria virado a jovem de posição e a penetrado até ejacular. Depois, dito "vou sair primeiro".
4. A BOATE
No dia do crime, após a vítima, sua prima e sua amiga alertarem o caso a funcionários, a boate colocou em andamento um protocolo de segurança que visa o controle de violências sexuais em ambientes de lazer. O documento, desenvolvido em 2018 e chamado "No Callem", detalha como espaços privados devem agir. A polícia foi chamada, ouviu a vítima e a encaminhou ao hospital Clínic, cujo relatório médico apontaria traços condizentes a uma agressão. Traços de sêmen foram coletados na pia do banheiro da boate. Um dos policiais, segundo jornais espanhóis revelaram nesta quarta-feira (25), teria gravado acidentalmente as primeiras declarações da jovem, ainda na boate, nervosa e chorando.
5. A CELA
A juíza decretou prisão preventiva e sem direito à fiança de Alves alegando risco de fuga. O jogador não mora atualmente na Espanha e tem capacidade econômica para fugir, além do fato de o Brasil não ter acordo de extradição com o país europeu. Na noite de sexta (20), ele foi encaminhado ao centro penitenciário Brians, na periferia noroeste de Barcelona. Passou três noites no módulo reservado aos detentos em processo de entrada e dormiu as últimas duas em uma cela do prédio Brians 2, onde outros acusados de crimes sexuais pagam pena ou aguardam julgamento. Ele divide a cela com um "preso de confiança" da administração do presídio.
6. A DEFESA
Inicialmente levada pela advogada Miraida Puente Wilson, que há anos tem prestado serviços nas empresas e atividades comerciais de Alves e de sua sócia e ex-mulher, Dinorah Santana, a defesa escalou na terça o especialista em direito penal Cristóbal Martell Pérez-Alcalde. Trata-se de um advogado famoso na Catalunha, responsável por representar diversos políticos de relevo nacional e também para o clube Barcelona e para Leonel Messi, ex-companheiro de Alves no time.
7. O PRAZO
A defesa tem até esta quinta-feira (26) para entrar com um pedido de recurso pela liberdade do jogador durante as investigações. Se não, Alves pode ficar preso até que seja condenado ou absolvido. A estratégia parece seguir a linha de relação consensual, o que pode ser lido na declaração que da defesa de que "restaurará sua honra e dignidade e, em suma, demonstrará sua inocência dos fatos que eles são acusados". O fato de a vítima ter renunciado, perante a juíza, ao direito de compensação financeira pela agressão pode atrapalhar a argumentação dos advogados. Ela disse que espera apenas que Alves fique preso.