Coluna - Parasurfe e paraescalada ainda sonham com Los Angeles
O comunicado do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) sobre o programa da Paralimpíada de Los Angeles (Estados Unidos), em 2028, frustrou a expectativa de atletas de nove das 33 modalidades que se candidataram ao evento. A entidade confirmou a presença dos 22 esportes que integram os Jogos de Paris (França) e deixou aberta a possibilidade do parasurfe e da paraescalada - caso indicados pelo Comitê Organizador - serem incluídos, pela primeira vez, no palco maior do movimento paralímpico. O IPC baterá o martelo até o fim deste ano.
Esperança renovada
A Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC, sigla em inglês) também se manifestou por meio de nota. Segundo o comunicado, o presidente da entidade, Marco Scolaris, avaliou como um "grande passo e feito" a modalidade ser considerada para 2028 e destacou ter sido possível, "em tão curto espaço de tempo, apresentar uma proposta forte". O dirigente ainda disse acreditar que a paraescalada e o parasurfe estarão em Los Angeles, "local com grande cultura e comunidade" em ambos os esportes.
"A gente tinha expectativa de [a paraescalada] ser eleita agora. A candidatura era sólida. Mas faz parte. Também gerou expectativa antes da escolha [da modalidade olímpica] para [os Jogos de] Tóquio [Japão]. Estamos bem confiantes, não perdemos a esperança ainda. Seria um sonho meu, como ex-atleta e dirigente", disse o presidente da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), Raphael Nishimura, à Agência Brasil.
Desde os oito anos, Raphael convive com a distonia muscular, distúrbio que causa a contração involuntária dos músculos, dificultando a coordenação motora e a locomoção. Em 2012, quatro anos depois de começar no esporte adaptado, ele foi vice-campeão mundial de paraescalada, em Paris (França).
"Por muito tempo, competi sozinho. No ano passado, foi recorde [de participantes no Campeonato Brasileiro, sete]. É [um número] pequeno, mas se você pega a América do Sul toda, só o Brasil fomenta a paraescalada. No continente americano, tem Brasil e EUA. A Europa é forte, o Japão também. [Aqui] Falta um pouco de incentivo. No esporte convencional já é difícil, no paradesporto fica mais difícil ainda conseguir recursos", explicou o dirigente.
A presença da escalada na Olimpíada garante recursos da Lei Agnelo/Piva à ABEE, via Comitê Olímpico do Brasil (COB). O investimento, contudo, tem de ser direcionado à modalidade convencional. No ano passado, a entidade ainda conseguiu auxiliar a participação de Marina Dias em etapas da Copa do Mundo de paraescalada. A brasileira, que também obteve apoio da prefeitura de Taubaté (SP) por meio de um programa de amparo ao esporte amador, conquistou uma histórica medalha de ouro em Salt Lake City (EUA) e um bronze em Innsbruck (Áustria).