De olho nos EUA, Williams é terceiro time a revelar pintura para 2023 na F1
LONDRES, REINO UNIDO (UOL-FOLHAPRESS) - A Williams foi a terceira equipe a fazer o lançamento da temporada 2023 e também o terceiro time a optar por mostrar somente a pintura ao invés de apresentar seu carro para o campeonato. O FW45 vai aparecer pela primeira vez dia 13 de fevereiro, quando os pilotos Alex Albon e Logan Sargeant vão fazer um shakedown em Silverstone antes do teste de pré-temporada, no Bahrein, entre 23 e 25 de fevereiro.
O grande destaque do lançamento foi a confirmação da chegada da petrolífera Gulf, marca com envolvimento de longa data com a F1 e que era parceira da McLaren até o final do ano passado. Comercialmente, havia muita expectativa em cima da Williams em 2022, na primeira temporada em que o dinheiro injetado pela Dorilton Capital, que comprou o time em 2020, poderia surtir efeito. Mas a tradicional equipe não só amargou a lanterna do campeonato, como somou apenas oito pontos, contra 27 da rival mais próxima, a AlphaTauri.
Estava claro que mais mudanças eram necessárias e a Dorilton não demorou a fazê-las. O comando da dupla Jost Capito e FX Demaison não estava nem casando bem com a cultura do time, nem ajudando a mudá-la, e ambos foram desligados no final do ano passado. O novo comandante dos ingleses é James Vowles, ex-chefe de estratégia na Mercedes. O britânico, contudo, não participou do lançamento e só será liberado para começar a trabalhar na nova função dia 20 de fevereiro.
É uma escolha interessante: essa será a primeira vez que Vowles estará à frente de uma equipe de F1. Mas ao mesmo tempo ele traz a experiência de uma organização que dominou a categoria nos últimos anos. "Vamos esperar que ele tenha respostas", disse Dave Robson, chefe de performance veicular da Williams quando perguntado sobre o que esteve fundamentalmente errado com a equipe nos últimos anos.
WILLIAMS APOSTA EM ESTREANTE AMERICANO PARA 2023
Outra mudança em relação ao ano passado é na dupla de pilotos. Sai o grande candidato a pior piloto do ano passado, Nicholas Latifi, e entra o estreante norte-americano Logan Sargeant, de 22 anos, que será companheiro de Alex Albon.
O tailandês agarrou a chance que teve de sair da reserva na AlphaTauri e fez um bom trabalho na Williams ano passado. Para 2023, sua missão é estar nos pontos de maneira consistente, enquanto Sargeant se adapta. Sobre o carro, ele espera que o equilíbrio e o comportamento nas freadas seja melhor. "Quando chegarmos nas curvas 9 e 10 do Bahrein vamos ter uma ideia boa do que nos espera pela frente."
Seu companheiro Sargeant é um caso raro de americano que escolheu se formar no automobilismo europeu, correndo no continente desde o kart e passando por F4, F3 e F2. Após enfrentar dificuldades financeiras e quase abandonar a carreira quando estava na F3, ele conseguiu chegar na F2 ano passado, e foi quarto colocado no campeonato vencido pelo brasileiro Felipe Drugovich, sendo o melhor estreante do ano.
Sargeant não chega badalado como pilotos que estrearam após vários títulos na base, como Charles Leclerc e George Russell, mas venceu corridas nas últimas três temporadas e também é importante para a estratégia de marketing da Williams. No lançamento, ficou claro pelo discurso que a equipe reconhece que sua preparação não foi a ideal. Logan não fez testes com carros de F1, e terá apenas algumas voltas no shakedown em Silverstone e um dia e meio na pré-temporada. "Eu fiz provavelmente um milhão de largadas no simulador. Vamos dizer que eu estou chegando tão preparado quanto foi possível."
Essa parte financeira é fundamental para uma equipe que registrou prejuízo de quase 15 milhões de dólares ano passado, mesmo gastando bem abaixo do teto. Aliás, a receita total da equipe em 2021 foi de apenas 118 milhões de dólares, enquanto o teto orçamentário (que não inclui gastos com marketing ou salários dos pilotos, dentre outras exclusões) foi superior a 145 milhões de dólares.
Neste ano, até mesmo equipes como a Haas estão falando em gastar algo perto do teto, o que deixa claro que as finanças do time inglês precisam melhorar para que eles sonhem em voltar a seus dias de glória.
Criada em 1978 por Frank Williams e Patrick Head, a Williams faturou três campeonatos de pilotos e quatro de equipes nos anos 1980, mas viveu seu auge no começo da década seguinte, em 1992 e 1993. Aqueles carros assinados por Adrian Newey, hoje projetista da Red Bull, estão entre os mais dominantes da história da F1. Com o passar dos anos, a insistência pela independência acabou cobrando seu preço e a Williams não acompanhou o crescimento das demais equipes.