Executivo do Vasco detalha negócio por Andrey Santos e relação com Chelsea

Por IGOR SIQUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - "Ele é realmente um filho compartilhado". A definição do executivo de futebol do Vasco, Paulo Bracks, dá o tom de como o clube encara a volta temporária do volante Andrey Santos, agora emprestado pelo Chelsea.

O Vasco tem compromissos a cumprir, como resultado de uma negociação engatilhada ainda quando a rota do jogador era a de saída e não a de retorno. A tarefa de desenvolver o jogador aumentou de proporção porque agora trata-se de um convocado à seleção principal.

"O Chelsea exigiu contrato até o meio do ano e temos o compromisso de botar o Andrey para jogar", contou Bracks à reportagem, citando que outro "compromisso moral" é liberar Andrey para o Mundial Sub-20, em maio.

Pelo desfecho, os dirigentes entendem que deram os passos certos. O Chelsea paga o salário e o Vasco nem precisou bancar um valor pelo empréstimo. Mas qual foi a caminhada?

O QUE ACONTECEU

Andrey Santos foi vendido ao Chelsea em dezembro e o Vasco inseriu no contrato uma cláusula que obrigava o clube inglês a notificá-lo, caso desejasse emprestar o volante.

Como Andrey não conseguiu o visto de trabalho na Inglaterra, o caminho do Chelsea foi recolocar o jogador no mercado para uma cessão temporária. O Vasco, então, entrou no circuito.

O Palmeiras tentou trazer Andrey Santos, mas o volante voltou mesmo ao Vasco, com um contrato até 30 de junho.

Andrey reestreou pelo Vasco no domingo, na vitória sobre o Flamengo, por 1 a 0.

Dois dias antes, ele foi convocado pelo técnico Ramon Menezes à seleção brasileira, que vai enfrentar o Marrocos em amistoso no dia 25 de março. Ramon comandou Andrey na conquista do Sul-Americano Sub-20, em janeiro.

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O QUE DIZ PAULO BRACKS

A inclusão da cláusula

"Quando a gente fez a venda para o Chelsea, pelas informações que eu tive, também por contatos em Londres, me disseram que havia a possibilidade grande de não ter o visto de trabalho. Soube disso em janeiro. Antes de fechar o negócio, assinar todos os contratos pertinentes à venda, colocamos uma cláusula que, se não conseguisse o visto, o Vasco teria de ser notificado perguntando se queria o empréstimo. Ao conseguir o direito de ser notificado, saímos na frente na negociação".

E o Palmeiras no negócio?

"O que eu acho que aconteceu: em paralelo, o Palmeiras deve ter negociado diretamente com Andrey e o estafe. Eu me segurei ao contrato. Quando o Chelsea notificou, fomos para dentro. A primeira coisa foi fechar com o Chelsea, que não me confirmou que conversou com o Palmeiras. Em três dias, fechei com eles e aí o Chelsea deu sinal verde. Então, fui conversar com jogador e estafe".

Como usar Andrey a partir de agora?

"O Chelsea tem algumas exigências contratuais. Não adianta trazer o jogador para não jogar. É uma via de mão dupla. Quando eu informo à imprensa que estava negociando com o Chelsea, eu disse que queria o Andrey, nem que fosse por um jogo. E domingo saiu esse um jogo aí do Andrey. Jogou muito contra o Flamengo. Quando fui conversar com o Andrey, o tempo todo ele demonstrou que queria voltar".

Não temeu que o jogador não quisesse voltar ao Vasco?

"É sempre um risco fazer só numa linha a negociação. No Capasso, por exemplo, fomos no Atlético Tucumán e no jogador. Foi um risco calculado. O Chelsea é muito correto, a linha dele é certíssima. Se conseguisse fechar com o Chelsea, ajudaria a fechar com o Andrey. Se me perguntar por que conseguimos fechar, eu acho que é porque fomos no Chelsea antes. Não fizemos um atalho".

Imaginava que o Andrey pudesse ser convocado agora para a principal?

"Eu tenho uma relação muito boa com o Ramon. Liguei para ele depois do título e disse que tinha a possibilidade. Mas não me cravou. Casou que a semana de volta dele foi de convocação para a seleção principal, reestreia contra o Flamengo e de vitória. Um fim de semana mágico".

Não bate um arrependimento? Não daria para segurar o jogador por mais tempo já que ele estava em vias de se valorizar no Sul-Americano?

"Era impossível segurar a venda. Existem negociações em que se consegue 'cozinhar'. Essa do Andrey era impossível segurar. Essa não tinha como ser um dia depois. Não era possível protelar. Até por isso também fomos de maneira forte para ele ficar um pouco mais. Se a gente tivesse margem maior, já teríamos feito a negociação para que ele fosse no final do ano. Mas, na prática, foi o que aconteceu".

Voltar ao Vasco é uma vantagem para o desenvolvimento do Andrey?

Vamos cuidar muito bem dele. É bom para todo mundo. É bom para o Vasco ter um jogador com o talento dele, artilheiro e capitão do Sul-Americano. É bom para ele, vai poder jogar em alto nível e se despedir da torcida. E para o Chelsea, ter o jogador em atividade aqui e vai receber um jogador melhor do que agora. E é bom até para a seleção brasileira.

E depois dessa operação, como o clube se posiciona no mercado?

Continuamos no mercado. Foram 13 contratações, com o Andrey. Até dia 4 de abril dá para fazer alguma coisa. Depende do movimento do mercado. E o time ainda tem opções que não tiveram muitos jogos, como Marlon Gomes, Figueiredo, Eguinaldo e Orellana.