Seleção tenta vencer à moda Diniz, mas gol salvador vem com cara de Tite

Por IGOR SIQUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - A seleção brasileira bem que tentou executar a estratégia trabalhada por Fernando Diniz, mas a solução para vencer o Peru, pelas Eliminatórias, veio uma jogada que deu muito certo no ciclo passado com Tite: a bola aérea.

O lance do gol de Marquinhos em Lima trouxe a sensação de um vale a pena ver de novo que trouxe alegria em alguns jogos e descomplicou o segundo confronto da era Diniz.

"A gente treinou bola aérea. Bola aérea define campeonato. Hoje, definiu o jogo. Soubemos nos defender bem. Tivemos chances claras, nos gols anulados. Acabamos vencendo pela persistência, merecimento, numa bola bem batida e com a antecipação pelo alto", afirmou o técnico Fernando Diniz após a partida.

A dinâmica do lance já teve similaridades com três dos cinco gols do próprio Marquinhos sob a batuta de Tite. A entrada como uma flecha no primeiro pau veio após batida de Neymar. Thiago Silva, inclusive em Copa do Mundo, já fez gol assim também.

O próprio Diniz durante a semana disse que não descartaria completamente características da seleção de Tite, até porque os jogadores passaram cerca de seis anos com o treinador e têm memória viva dos movimentos que ele pedia.

GOLS DE MARQUINHOS NA SELEÇÃO NA ERA TITE

- Brasil x Gana (23/9/22) - de cabeça, após cobrança de escanteio da direita.

- Brasil x Venezuela (8/10/21) - de cabeça, após cobrança de escanteio da esquerda.

- Brasil x Venezuela (13/06/21) - após escanteio, bola que sobrou na área.

- Brasil x Bolívia (10/10/20) - de cabeça, após cruzamento da direita.

- Brasil x El Salvador (12/09/18) - De cabeça, após escanteio da esquerda.

MUITOS ERROS

O jogo contra o Peru teve um Brasil com muitos problemas na construção de jogadas. O próprio Diniz reconheceu que a seleção errou passes além da conta, apesar da posse ter ficado em 62%.

Segundo dados da ferramenta Sofascore, o Brasil errou cerca de dois a cada dez passes que tentou. Muitas vezes na saída de bola. Nas bolas longas, o Brasil errou cerca de quatro em cada dez.

O técnico aponta duas questões. A falta de fluência no time devido ao início do trabalho e um gramado diferente do que os jogadores estão acostumados, um pouco mais duro e seco, segundo Neymar.

"Não vamos jogar com o refinamento muito grande com o tempo que a gente teve. Os jogadores vão entender. Às vezes nem precisa vir muita gente para fazer superioridade. É uma questão de ocupação de espaço. Circular um pouco a bola. No segundo tempo, a gente tentou acelerar demais. Isso dificultou o nosso jogo. Teve muito erro de passe certamente por causa do campo também", disse o treinador.