Justiça e PM têm números diferentes sobre envolvidos em briga no Maracanã
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Justiça do Rio de Janeiro notificou a Polícia Militar dizendo que ela não apresentou à Justiça todos os envolvidos na briga entre torcedores no Maracanã, antes do início do jogo entre Brasil e Argentina. Na noite de terça-feira (21), houve um atraso para o início da partida, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, por causa de uma confusão no setor sul inferior do estádio.
Segundo a Justiça, 17 torcedores foram levados ao Juizado do Torcedor e Grandes Eventos. Pelo balanço mais recente da PM, porém, esse número é menor: apenas 13 foram conduzidos à Justiça, nove argentinos e quatro brasileiros.
Na notificação, o Juizado do Torcedor afirma que a Polícia Militar não identificou todos os envolvidos na briga. A magistrada que estava de plantão na noite do jogo pediu para os militares levarem os torcedores à delegacia de plantão para autuá-los. Porém a resposta que recebeu de um major foi que as pessoas estavam em atendimento médico.
Em seguida, a juíza visitou os postos médicos e constatou que foram realizados poucos atendimentos, levantando a suspeita de que nem todos os envolvidos na briga foram detidos pela polícia, tampouco apresentados à Justiça.
"Presume-se, portanto, a não apresentação de nacionais que praticaram crimes que foram notoriamente veiculados pela imprensa. Em razão da ausência de apresentação do grande número de envolvidos na provocação do tumulto e demais infrações penais, foi determinada a expedição de ofício ao secretário de Polícia Militar, coronel PM Luiz Henrique Marinho Pires", diz a magistrada.
O Ministério Público do Rio afirmou que abriu procedimento para apurar a conduta de torcedores que não foram presos pela Polícia Militar, embora imagens captadas indiquem que também tenham se envolvido no tumulto.
De acordo com a Polícia Militar, não há necessidade de encaminhar os detidos no estádio a alguma delegacia, por já haver representação da Polícia Civil no Maracanã. Questionada especificamente sobre a notificação, a corporação não respondeu até a publicação deste texto.
Segundo o Tribunal de Justiça, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) também foi notificada.
"Compareceu à sala de audiências o major Ângelo, sendo alertado pela magistrada da necessidade de condução à Delegacia de Plantão dos envolvidos no tumulto. Foi dito pelo major que a Polícia Militar efetuou trabalho de contenção e que os conduzidos estavam obtendo atendimento médico, para, após, serem apresentados em sede policial. Ato seguido, a magistrada compareceu a alguns postos de atendimento, acompanhada de servidores de plantão, tendo verificado que foram realizados poucos atendimentos médicos, dentre os quais havia poucos detidos", diz o texto apresentado pela Justiça.
A Polícia Militar e a organização do jogo não informaram quantas pessoas precisaram de atendimento médico. As cenas ao vivo da briga mostraram policiais do Bepe (batalhão especializado em estádios) atingindo torcedores com cassetetes.
O Ministério Público informou que vai investigar se houve excesso cometido pela PM. A briga começou durante o hino nacional da Argentina. Durante a canção, torcedores brasileiros começaram a vaiar os adversários.
Não havia no setor divisão entre as torcidas, apesar da rivalidade histórica entre brasileiros e argentinos. Fotos e vídeos da confusão mostram pessoas com sangramentos no rosto e na cabeça após confronto com policiais.