Flamengo elege vilões e aposta em choque de gestão para voltar a vencer

Por LUIZA SÁ E ALEXANDRE ARAUJO

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - O Flamengo caminha para terminar de mãos vazias uma temporada na qual disputou sete títulos. O clube faz o diagnóstico do fracasso e já tem uma certeza: a troca de técnicos foi fatal.

O Rubro-Negro teve três trocas no comando. Começou com o português Vítor Pereira, depois veio o argentino Jorge Sampaoli e, por fim, trouxe Tite. O interino Mário Jorge ainda comandou a equipe em quatro partidas.

A avaliação é que isso foi determinante para o fiasco. Os diferentes treinadores não adotam um mesmo modelo de jogo, e o elenco teve de passar por adaptações de estilo a cada mudança.

Os treinadores ficaram alguns meses no cargo e os trabalhos não amadureceram. VP ficou de janeiro a abril, quando foi demitido. Sampaoli chegou dias depois, mas caiu em setembro. Tite chegou no início de outubro.

A direção demitiu Dorival Jr. após a conquista da Libertadores e do Copa do Brasil, e apostou em um novo trabalho a dias do Mundial de Clubes.

"Sinceramente, não perdemos o campeonato no fim do torneio, perdemos durante o ano todo. A gente trocou de treinador, a forma de jogar, foi um ano muito difícil para nós", disse Arrascaeta.

VIRAR A PÁGINA

O Flamengo agora aposta em um choque de gestão para mudar os rumos em 2024. A tendência é que alguns jogadores deixem o clube. Rodrigo Caio e Filipe Luís são os primeiros. David Luiz pode sair se tiver propostas, assim como o goleiro Santos (que ainda não recebeu proposta oficial, só sondagens) e outros atletas que terminam o ano em baixa.

A chegada antecipada de Tite foi o primeiro passo para a reformulação. O treinador foi contratado para garantir a vaga na Libertadores e ajudar no planejamento da próxima temporada, mas só falará da reformulação ao final do Brasileirão.

VP disse não ter tido tempo para implementar as ideias. Ele foi demitido após derrota na final do Carioca, o quarto título perdido.

"Cheguei ao Flamengo e comecei a disputar títulos sem treinar. Em dois meses, estávamos disputando quatro títulos. É preciso disso para implementar minha maneira de jogar. No Flamengo não tive tempo", disse Vitor Pereira ao Marca.

Sampaoli creditou fracasso ao caos anterior. A passagem ficou marcada por eliminação na Libertadores, perda da Copa do Brasil e agressão do preparador físico ao atacante Pedro.

"Infelizmente, por inúmeros motivos anteriores à minha chegada e que tentei, mas não consegui mudar, não foi possível conquistar os resultados para colocar o Flamengo onde deveria estar", disse Sampaoli no post de despedida.

As demissões e contratações de treinadores em 2023 também tiveram reflexos financeiros. A multa de Vítor Pereira custou R$ 15 milhões e a de Sampaoli outros R$ 9,5 milhões.

As multas rescisórias também geraram desgaste nos bastidores, e houve movimento de grupos políticos para que os valores fossem alvo de investigação interna.