Julgamento de Daniel Alves recomeça na expectativa de depoimento da mulher Joana Sanz
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Após um primeiro dia no qual os depoimentos de três jovens, umas delas a que acusa Daniel Alves de estupro no banheiro de uma boate em Barcelona no dia 30 de dezembro de 2022, foram essencialmente negativos ao brasileiro, nesta terça (6) espera-se alguns testemunhos a seu favor.
Entre eles, estarão os depoimentos da mulher de Alves, a modelo espanhola Joana Sanz, e de seu amigo Bruno Brasil, que estava com o jogador na boate Sutton, quando o caso aconteceu. Outros 20 testemunhos são aguardados nesta terça.
Alves está preso na capital da Catalunha, na Espanha, desde 20 de janeiro do ano passado e encara agora três dias de julgamento na Audiência de Barcelona, palácio de Justiça no centro da cidade. O tribunal segue até a quarta. A sentença será dada alguns dias depois.
Os primeiros a falar, no entanto, foram funcionários da Sutton, seguindo uma linha de testemunhas iniciada na segunda, quando três deles depuseram. O primeiro desta terça foi o diretor da boate. "Alves era um cliente habitual, estou ali há oito anos e ele vinha há muito mais tempo do que eu", disse.
Quanto à denunciante, disse que "ela estava bastante chateada e queria ir para casa. Tentamos convencê-la a ir para a sala ao lado e ela nos contou que havia sido vítima de agressão sexual. Quando Alves passou, ela disse que tinha sido ele. Explicou que entrou voluntariamente, mas depois quis sair", contou o diretor.
Outro funcionário da discoteca, responsável pela sala de apoio a vítima de agressão sexual, disse que "a garota estava muito mal, ela chorava muito. Perguntei se ela ia denunciar e ela me disse que ninguém ia acreditar nela." Já Alves "não estava como sempre". "Achei que ele havia bebido ou tomado alguma outra coisa, pois não estava agindo como sempre."
Um terceiro funcionário disse que havia tratado da "ferida no joelho dela". "Parecia uma queimadura, não era profundo."
PRIMEIRO DIA DE JULGAMENTO
Nesta segunda, a imprensa acompanhou as sessões em três salas no local, nas quais se podia assistir ao julgamento por meio de um circuito fechado de televisão. Credenciaram-se 270 jornalistas. Na saída, a advogada de defesa, Inés Guardiola, disse estar "bastante satisfeita" e que seu cliente havia sido muito corajoso ao enfrentar o tribunal.
Apesar de não falar, Alves ouviu todos os depoimentos na sala de julgamento, movimentando-se muito pouco e não reagindo aos testemunhos. Inicialmente de camisa branca, jeans e tênis branco ele colocou pouco depois uma jaqueta escura.
A primeira pessoa a ser ouvida foi a suposta vítima, mas não foi possível conhecer o teor de seu depoimento, já que o sinal interno foi cortado. Essa medida foi tomada para garantir a sua privacidade. Além disso, ela se sentou atrás de um biombo para evitar contato visual com Daniel Alves. Sua voz foi distorcida para que, mesmo no futuro, a filmagem não a possa identificar.
Sua fala, de cerca de uma hora e 15 minutos, foi seguida pelo testemunho de sua amiga e de sua prima, que a acompanhavam na boate quando o caso aconteceu. A amiga, que chorou algumas vezes durante o depoimento, iniciou detalhando o que fizeram naquela noite.
Na área VIP, "estava esse homem [Daniel Alves] de pé. Ele teve uma atitude nojenta, colocou a mão nas minhas costas e quase tocou na minha bunda. Minha amiga disse 'ele tocou minha vagina'."
Mais tarde, a prima da jovem lhe avisou "que precisavam ir embora". "Ela me disse: 'Ele ejaculou dentro, me machucou muito'. Eu a conheço desde os três anos e nunca a vi chorar daquele jeito. Nós três choramos, eu não sabia como reagir naquele momento", explicou ela.